quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Ensaios Repentinos 5 - Gilberto Valle

Por conta dos cabelos brancos que começam a aparecer na minha cabeça e na minha barba, procuro alternativas pra sair...
Sair dessa vida de baixo, desse antro de energia negativa...preciso sair. De algum modo.
Ficar longe, fazer qualquer coisa, me afastar...
Não nasci pra compactuar com negatividade, mas sim pra viver do meu jeito...por mais que não aceitem.
Não levo o medo da solidão comigo, por mais que ela venha a bater na minha porta...no meu caso, seria como o ditado:

"antes só, do que mal acompanhado".

A casa terna, já se passou há tempo! Não há paz, não há diálogo. Só falta de paciência e frustrações...já era.

Mas, vou seguir...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Por quien merece amor - Gilberto Valle

Vamos passando e seguindo sem ser percebidos
Ouvindo o triste som do vento...
Que bate forte contra o corpo...
Sem fazer com que sejamos ouvidos...

Pra que ouvir?
Sentir...é muito melhor...ver,
olhar, rir, seguir, mas,
sentir...

"Mi amor, no es amor de mercado",
é aquele, de sentir, de viver, de calor...
olhares, toques, beijos...solo
Por quien merece amor.




"Mi amor, no es amor de mercado" - trecho de poema e música de Silvio Rodriguez, mestre cubano.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

O rouxinol do sertão - Gilberto Valle


Eugênio Avelino, o menestrel Xangai. De cantor de seresta pras namoradinhas dos irmãos, lá no Vale do Jequitinhonha, interior do interior da Bahia, se tornou um mestre. Desde pequeno corria no sangue, quando o pai perguntava, o que tu queres ser menino? E ele respondia: "quero ser vaqueiro!"
E, há diferença sim! Vaqueiro é aquele que derruba o boi no mato, com seu gibão de couro, com seu laço, por necessidade. "Vaquejador", é aquele que derruba por derrubar, naquelas festas de "interior", pra maltratar o animal.
Do fundo deste homem brota a voz mais bonita de todos os interiores. Um verdadeiro pássaro! Rouxinol ele é chamado por lá. Xangai, é menestrel, porque além de suas qualidades como "cantador", é simples como pessoa. Ele canta o que o povo quer ouvir, sempre! Defendendo a bandeira da nossa terra nordestina tão massacrada, pelo monopólio sulista. Xangai orgulha-se de ser um "tabaréu", "um matuto", "um capiau". O povo tão sofrido que não tem vergonha da voz. Porque como ele mesmo diz: "quem não canta é véio ou véia, ou feio e feia". Cantar, aquela coisa que vem de dentro. Da alma. Xangai canta os peixes, as aves, a fauna e a flora, e isso é belo! Canta os causos de sertão, mantendo sempre a vêia crítica pra todos aqueles que cedem ao meio pra poder se mostrar. Como ele mesmo fala, "posso ter todos os defeitos, menos o defeito do "desreconhecimento"." Cantar os mestres e menestreis, os causos populares, as coisas de Elomar, de Vital Farias, de Maciel Melo, de Juraíldes da Cruz, de Renato Teixeira e de tantos outros. E o mais importante, resumido na gravação dos 3 Cantorias (o verdadeiro Grande Encontro), que foi citado nas palavras de um cantador chamado François Silvestre:

"Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra, a marca de sangue de seus mortos e a certeza de luta de seus vivos..."

O caminho dele é esse. Sem vergonha de cantar numa praça, num teatro e até mesmo no meio da rua. O verdadeiro artista! Aquele que toca onde o povo está e principalmente, aquilo que o mesmo quer ouvir.


segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Nina, dos olhos de mar - Gilberto Valle


Nina, de menina...
A menina que ri quando voa e tenta alcançar o céu...
Quem sabe o teto? Ponto mais alto...
Dos longos vôos de uma criança...
Ela para, observa e ri...como se dissesse:
"Todo mundo me babando"
De dentro das bolinhas azuis a inocência...
Transparente pra quem olha o azul vitral dos olhos...
Por isso, eu fico rindo...
Não tem coisa melhor...ficar rindo da cara de vocês.
Me deixem voar...