quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal - Autor desconhecido

FELIZ NATAL ,um Brasil desconhecido por muitos e amado por poucos.

Alguns estados do nordeste brasilero , tem lindas cidades e até muitas árvores que fazem sombras nas belas ruas.
Mas não é assim seu interior, não há praças, nem árvores e muito menos fontes nos pequenos centros, mas sim muita poeira, galhos secos, animais esqueléticos perambulando pelos caminhos e muitos jegues em uma jornada infinita carregando a água que sobrou em algum buraco da última chuva de muitos meses atrás. E é claro que ao seu lado o sertanejo, o lutador, o guerreiro brasileiro que não desiste nunca, que não desiste da vida, porque ainda não chegou o dia de sua morte, que não desiste da água, pois tem vários filhos para dar de beber. Que mesmo sem cair uma gota de água do céu arrisca sua enxada no solo seco na esperança dos grãos de feijão e milho brotarem se por um acaso da vida cair a tão sonhada chuva.
Sertanejos que sentam-se na porta de sua casa na manhã bem cedo e espera o dia acabar para poder voltar a sua rede e sonhar com dias melhores, apenas “sonhar”.
Pois em sua terra, em seu chão, não nasce nada, não cresce nada, mesmo que ele chore sobre ela.
Mas é claro que nem tudo é tão ruim assim, que nem tudo está perdido, que nem todos desistiram da vida, dos sonhos, de projetar o futuro segundo sua capacidade.
Muitas pessoas que são diferentes, que pensam diferente, que vivem de uma forma diferente, mesmo ultrapassando a barreira da fome, miséria e descaso.Homens com fé em Deus, esperanças na vida e acreditando em dias melhores.
Em um calor de mais de quarenta detalhes da vida do povo nordestino e as grandes dificuldades de se chegar até eles. Dificuldades de se conseguir um meio de transporte rápido, porque com carro não dá para ir, dificuldade de enfrentar o sol causticante, mas a maior delas é a dificuldade de chegar às casas deles e eles não terem um copo de água para oferecer, e muito menos um pedaço de pão.
não é outro país, e a única coisa que mostra o contrário é que falam a nossa língua.
Na sequidão encontra-se esperanças, na morte encontra-se a vida, no fim do túnel encontra-se uma saída. Um povo perdido, perdido em si mesmo, um povo incrédulo, incrédulo por nascimento, sofrido, mas com um coração aberto para o amor.
O natal da comida, o natal de barriga cheia, um natal nunca antes visto por aquelas crianças famintas e desnutridas.
crianças junto a seus pais, crianças que faziam até cinco dias que não comiam e fizemos um jantar para todas elas, crianças que nunca haviam comido frango e carne, e comeram até se encherem, e pais que levaram seus filhos para poder comer também.
Um jovem de mais ou menos dezessete anos me chama na porta, no escuro, e me diz: “Senhor, eu sei que não sou criança, mas eu tenho muita fome, sinto fraqueza nas pernas, quase não consigo caminhar de tão fraco que estou. Por favor, me dê um pratinho de comida mesmo eu não sendo criança”. Quando disse que sim, totalmente emocionado, vi que ele segurava em uma de suas mãos a mão de sua mãe, e a mão de sua mãe segurava as mãos de mais três crianças pequeninas. Como não amar essas pessoas, como ignorar nosso povo, nossa gente, gente como a gente, gente como eu e você.
Essa é a nossa missão: amar, proteger, ouvir, e estender as mãos amigas.


Descobrimos que ainda falta muito para fazer e é exatamente por isso que não podemos desistir nunca, e retroceder jamais. Mas uma coisa é certa: o trabalho está cada dia crescendo mais.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Ensaios Repentinos - Gilberto Valle


Aqui estou eu ouvindo Sweet of Dreams, quarta música do Chinese Democracy, o mais que esperado álbum de inédita do Guns n´Roses. Vejo que a fórmula não mudou muito, tirando alguns elementos de música "industrial" (acho que esse foi a melhor definição daquele barulho insuportável, que reina nas festas Raves). Se bem que ainda acho que o nome "música" utilizado antes deveria ser mudado, porque é tudo menos música. Enfim...Mr. Axl Rose tá aí de novo né...mesmo gordo e "acabado" pelas drogas, ele soube fazer o disco. Tem 4 músicas excelentes, inclusive a que leva o nome do álbum. Algumas baladinhas, pra não perder o costume e mais uma coisa "velha" volta a ativa. O pior não é isso! Certamente, o Chinese Democracy é bem melhor do que muita (mas muita mesmo) coisa dessas bandinhas "bostxinhas" de hoje em dia. Salve os velhacos! Com certeza! E uma nota 7.5 no disco.
Ontem de noite, consegui falar com meu amigo Bruno, que sumiu durante o final de semana. A discussão, via msn, até que fluiu bem. Falamos de alguns casos da vida corriqueira e naquelas pessoas que entram na nossa vida, começam a fazer parte dela e depois somem por conta de qualquer reles motivo. Assim é a vida! Mas não deveria ser, pelo menos eu acho. A gente não devia ligar pra essas coisas, essa é a verdade. Acho, particularmente, que a política entrou até na vida pessoal das pessoas. Eu conheço muita gente, mas detesto muita gente perto. Dá pra entender? Esses lances de popularidade não são muito comigo...confesso. Não gosto de pagar pau pra ninguém, de babar chefe, de bajular por interesse e essas coisas. Eu continuo tentando ser o que sou e vamos seguindo. Como muitos dizem - "tem quem goste".

Ah e odeio ver meus amigos indo de encontro com a cara no muro, mas fazer o que?

PS - achei a capa do disco bem bonita também

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Abstrato - Gilberto Valle


Desde pequeno me encontro com o abstrato
Não gosto das coisas comuns...
De coisas sem sentimentos
Ditongos-hífens-hiatos

De poesia correta, se assim é chamada
De textos com métricas
Palavras um tanto céticas
Daquelas análises sintaticamente aclamadas

Eu gosto é de exprimir
Gosto de ir, mas também de vir
De pintar e desenhar confusões
Sem ter medo, mas quase alucinações

O abstrato é livre pra criar
Voa por voar
Busca aquilo que é,
Do seu jeito





Quadro de Wassily Kandinsky, o mestre do abstrato para mim e uma das minhas fontes de inspiração eterna.

sábado, 18 de outubro de 2008

O "Lindo"enberg - Gilberto Valle

Bem, essa semana desde a segunda-feira presenciamos uma verdadeira novela em todos os horários do Brasil. O sequestro de duas amigas (inicialmente eram 4 jovens), por um demente de 22 anos. O nome desse demente é Lindenberg e diga-se de passagem, o mesmo tinha emprego, recebia um salário e ainda era considerado "calmo" pelos amigos. Só que o calminho invadiu o apartamento da adolescente e fez de reféns 4 jovens, a ex-namorada Eloah, uma outra garota e dois rapazes de 15 anos. Ainda na segunda à tarde, o "Lindo"enberg, libertou os dois "homens" depois de ter dado uma "pisa" de coronha de revólver nos dois. Uma coisa linda, não é? Pra imprensa deve ser, porque todos cobriam o EVENTO, sem o menor respeito pelas ações da polícia (que são péssimas). Virou Copa do Mundo! Todo mundo esperando a hora da libertação (ou seria do Golllllllllllllllll!!!!), se sujeitando a levar tiros de um elemento que brincava com um revólver na janela, atirando não só na imprensa, mas na cara de toda a NAÇÃO! Bem, se passou a terça e a polícia esperando "boa vontade" do rapaz se entregar...Na quarta eu estava tomando uma cerveja no bar e conversando com, uma amiga advogada e ela dizia: "Não Giba, ele vai se entregar, é só faixada..." Quando perguntou minha opinião, apenas disse o que sempre defendi: "É uma vergonha a incompetência da polícia que já devia ter matado o indivíduo, com uma equipe de atiradores de elite, ou invadido o apartamento na marra e matado o elemento." Falo isso, porque ela ainda teimava em dizer que eu "era louco", que isso não resolverá o problema da sociedade. Só que, neste caso como citei acima, o elemento "Lindo"enberg tinha emprego (por mais simples que seja), tinha amigos, família, tinha um salário...Ah, mas que peninha, ele perdeu a namoradinha e tá inconformado né...Então deixa ele lá brincando com um revólver porque tá tristinho. Pelo amor de Deus! Acorda Brasil! Chega de novelas! Já basta Flora matando todo elenco Global meu povo.
Aí, quando menos espero, na sexta-feira, depois de ter esquecido até um pouco esse caso, começa o final da novela...Ele fala com o negociador que vai se entregar depois de 4 dias de novela (A Favorita deve ter sido uma merda essa semana), a "grande" polícia, se posiciona num apartamento ao lado (segundo o chefe de polícia eles estavam nesse apartamento há 3 dias...deviam estar jogando cartas, tomando uma cerveja e acompanhando novelas), e se ouve um primeiro disparo! Paaaah! Eles correm e quando estão atravessando o corredor pra arrombar finalmente um pedaço de madeira (chamado porta), outro disparo! Pah! Eles arrombam a porta e heroicamente colocam uma algema ridícula num elemento, enquanto a ex-namorada tem a cabeça perfurada por uma bala (que atravessou todo cérebro) e a amiguinha, levou um tiro meio que de raspão na boca.
Gostaria de dizer, apenas o seguinte. Esses tiros foram na cara de todo Brasileiro! Esse "Lindo"enberg, rasgou a Constituição Brasileira na nossa cara! Esse elemento tirou a praticamente a vida de uma adolescente por conta de problemas dele. Aí vem...Ah "e os direitos humanos?" Minha gente, direitos-humanos deveriam ser para HUMANOS DIREITOS. Esse elemento não pode ser considerado gente! Esse tipo de pessoa não tem psicologia, psiquiatria, religião ou divindade que dê jeito! Isso tudo é balela da brava! Quando a carga genética vem com defeito, não adianta querer consertar...é fato!
E já que ele rasgou a nossa Constituição, ao menos formulem outra, permitindo a PENA DE MORTE nesse país! Não para qualquer tipo de crimes, ressalto! Mas, para SEQUESTRADORES (profissionais ou baratos), TRAFICANTES (a maior mazela da sociedade), PEDÓFILOS E POLÍTICOS CORRUPTOS (SERIA UM SONHO PRA MIM).
Pois é, a novela terminou meu povo...Eloah, teve a bala alojada no cérebro tem 95% de viver em estado vegetativo pro resto da vida (melhor morrer, na minha opinião), a amiga viverá com um trauma (essa sim tem direito de ter trauma, além do que DEVERIA ter pro resto da vida auxílio PSICOLÓGICO, TOTALMENTE PAGO pelo Governo responsável pela situação) e o nosso herói "Lindo"enberg, continua achando lindo! Vai pra cadeia onde nós, os contribuintes, gastamos R$1400 por mês pra manter cada preso do país, com comidinha, com passeio no sol e etc...
Só me pergunto algumas coisas:

- "Se nossa vítima Eloah, não morrer e ficar em cima de uma cama, quem irá arcar com os custos? Quem irá pagar aparelhagem hospitalar, médicos e enfermeiras acompanhantes e medicamentos?"

- "Será que a amiguinha dela vai ter esse cuidado e auxílio psicológico vital? Será que após tudo isso papai e mamãe vão ter que esperar na fila do SUS, pra conseguir um papinho com um psicólogo?"

- "Será que daqui há 8 anos, o nosso "Lindo"enberg, vai estar solto por bom comportamento na cadeia? Será que vão dar CONDICIONAL pra esse cara?"

Todos nós sabemos das respostas! E a CONSTITUIÇÃO, chamada de A CARTA MAGNA DO PAÍS, continua sendo rasgada e usada como papel higiênico na nossa cara.

Mas, é isso...

Termino por aqui, porque hoje deve sair algo de bombástico na TV. Uma novela nova quem sabe?

Caso não aconteça, vamos todos prestigiar Flora...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Meu peito dói - Gilberto Valle

Meu peito dói...
Dói de dor de verdade
Que pensamos que sara, ameniza e volta.
Meu peito dói...
Dói de dor de sofrer
Que pensamos que sara, mas volta a ter.
Meu peito dói...
Dói de dor de pureza
Que pensamos que sara, mas não passa
Meu peito dói...
Dói de dor de coração
De saudade, de vontade, de amor

Coisas de dor, que a gente não controla não.

Meu peito dói...
Por amar,sofrer e chorar
Sem nenhuma vaidade...

Meu peito dói...
Porque por mais que se tenha dito, ou desdito
Meu sentimento é bonito, verdadeiro e de paz.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Males necessários? - Gilberto Valle


Pela primeira vez, aqui neste blog, vou escrever sobre uma de minhas paixões vitalícias, o Glorioso de Conselheiro Rosa e Silva! Clube Náutico Capibaribe. Ando meio infezado com certas coisas que ocorrem hoje em dia dentro da estrutura do clube. Vamos lá...
Ressalto que, em comparação a década de 90, onde beiramos a falência, hoje estaria reclamando de barriga cheia mas, ainda assim, irei reclamar, porque almejo um clube melhor e maior dentro do cenário nacional.
Primeiramente, creio que essa história de "Hexa é luxo", uma grande besteira. Um time que não ganha nada com isso, com um título que ocorreu há 40 anos e não rende nada pro Náutico. O que impressiona é que isso passa pra os dirigentes, que parece que vivem na mesma década que ocorreu o título. Ando me perguntando há algum tempo já: "Por que se manter Kuki no clube, como jogador?". Obeviamente porque existem ainda, diretores do século passado mandando financeiramente no clube. O Náutico é maior que Kuki e parece que o nome do clube é: "Clube Kuki Capibaribe". Isto porque a mentalidade é totalmente retrógrada e antiga. Questiono a todos meus poucos leitores: "em qual clube sério do país, um jogador que fez 1 gol em 2 anos na Série A, é mantido como titular e parece que é dono do clube?" (isso sem contar que no meio desses dois anos, ele foi emprestado e rebaixado com o Santa Cruz, pra Série C). Claro que num time que realmente quer crescer, buscar títulos de maior porte, títulos que rendam financeiramente pro clube, ele já teria voado há tempos! Mesmo que fosse por intermédio da delicadeza. Que se arrumasse um cargo dentro do Clube Náutico Capibaribe, pra Kuki, tudo bem, mas como jogador, não dá mais e há tempo. Ele é um ex-jogador em atividade desde 2006. Isso é fato claro, mas pros cegos que dirigem o Náutico, não...
Comenta-se que já o procuraram pra renovar o contrato do mesmo pra 2009. Honestamente, deixarei de ir pra jogos enquanto Kuki estiver jogando. Não que ele seja maior que o Náutico no meu coração, longe disso, mas pela teimosia de uma diretoria que está fazendo do clube um INSS. O Náutico não é instituição de caridade! Reconheço que o referido atleta fez muito pelo Náutico, mas não dá mais. Acabou e a teimosia de grande parte da torcida, pela carência de ídolos, é notória num caso como esse. O respeito como ídolo e não mais como jogador.
É justamente por isso, que também nunca mais direi o jargão: "Hexa é luxo". Acho que o Hexa campeonato é como uma maldição pro Náutico. Depois dele, todos se acomodaram no Clube, pararam no tempo e vivem de um título de 40 anos passados. Enquanto isso o maior rival vai dando um baile em cima de nós. O que impressiona é isso, todos vêem, mas preferem deixar o Náutico do jeito que está. Sempre brigando pra não cair e sem almejar nada maior.
Ah e mais uma única pergunta: "Por que todo ex-Presidente do Náutico, se candidata a vereador?" De fato, deve ser um negócio muito rentável, esse tal futebol.

Saudações Alvi-rubras indignadas!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Samba da Bolsa - Gilberto Valle

Saí do trampo com a cabeça envenenada
Peguei taxi na calçada só pra ir no botequim
Não posso mais andar no meu “fusquete”
Tomar duas cerva e comer croquete
E Lulete tomando gin
Aí a idéia, bateu na minha moringa
Fui esperto, na saída quando o taxi avistei
Aqui pra nós, tudo agora virou conta
É taxi, luz, marinha e de zona
Ô Lulete tem pena de “nóis que trabaia”
Sanciona uma lei imedita!
Fazendo o bolsa cerveja pra mim!

Tem nêgo que diz que faz e acontece
Lá pras banda de “Brasía”,no congresso nacional
A gente sabe que é terra de ninguém
E por lá até dancinha no plenário já rolou
O seu Lulete, pega o seu “roi-royce”
Com a “galega” ladeando,
Peidando e soltando arroto
Buzina alto na frente da esplanada
Gritando: “ô seus ministro vamo encher a cara lá Torto”

Meu “Deu” do céu, tem pena de nóis Lulete
Ou então as minhas contas em Brasíla vais pagar
A sobriedade já tá passando do limite
Eu já tô criando artrite porque não posso entornar
A “CTT” só falta beijar a boca pra sentir o tal do bafo
E roubar a nossa “lama”

REFRÃO NO FINAL

Eu falei: “Lula do céu...”

Lula do céu!
Me escuta por favor...
Ouve esse companheiro, te falo de coração
Né nada justo eu não poder tomar “branquinha”
Nem na porta da cozinha
Enquanto tu dirige a nação.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Por onde andam? - Gilberto Valle


Pensando esses dias, nas várias conversas de terça à noite no Cafoblues sobre música me remeti a política. Isso mesmo! Talvez não seja tão difícil essa junção, mas penso que será de um modo diferenciado.
Eu sou fã das letras de Renato Russo, já Bruno é fã confesso de Cazuza e isso me fez pensar em política.
Na década de 80, o país, como todos sabem, passava por momentos de dificuldades extremas em relação a política, preconceitos de novas coisas como AIDS, Homossexualismo e tantas outras batendo na cara de uma sociedade recém-saída do Regime Milico. Daí surgiram os estudantes, aqueles indignados e sem dúvida os que mais sofriam com os absurdos cometidos não só pelo governo, mas principalmente pela família. Nesse meio dois gênios, surgiram. Renato e Cazuza.
Estudantes de diferentes classes, mas que sabiam, procuravam enxergar o que estava acontecendo no país. Começaram por meio musical a criticar tudo aquilo que era nocivo a juventude. Coisas como o preconceito, "discriminação por conta de sua classe, sua cor", ou por te chamarem de "bicha, de maconheiro..., pela falta de emprego, dentre outras coisas. Mas, eles sempre almejavam um futuro melhor pro país, mesmo "andando down", eles clamavam que: "o Brasil é o país do futuro."
Triste ilusão! A década de 90 ainda trouxe Chico Science pro cenário nacional e mais tarde Los Hermanos. No entanto, o que me fez escrever esse texto foram meus pensamentos: "Onde estão os revolucionários desse país? Por onde andam os estudantes? Por onde andam as idéias?"
Na minha concepção é difícil engolir certo tipo de verdade. Desde já, afirmo que é uma verdade! Renato e Cazuza almejavam a saída do Governo "direitista" e a vinda da "esperança" pra classe trabalhadora (que anos depois viria acontecer na eleição de Lula). Só que esta não aconteceu.
Confesso que votei em Lula na primeira eleição, era jovem, universitário atuante (fundado de dois Diretórios Acadêmicos e Presidente do de Administração), mas hoje me arrependo até a unha dos pés. Quem se iguala a pessoas que porventura você fala mal, é pior do que elas.
Mas tudo bem, não quero discutir política e sim música. Quando questionei onde estão os estudantes desse país, é porque me sinto incomodado pelo fato de estarmos quase há 15 anos parados e cegos. As pessoas cegaram! Não se critica mais o governo, não sa fala mais de nada. Por que? Porque o governo é de Esquerda? Porque Renato e Cazuza almejavam isso! Garanto que se os mesmos etivessem vivos, estariam muito decepcionados com as arbitrariedades que a CORJA DO PT anda fazendo com o país. E estariam criticando, mesmo que fosse em tom de arrependimento. Não estariam parados como a grande maioria.
O governo do PT deve ser bom, porque hoje em dia, até "cara pintada" virou profissão remunerada. Se os "jovens universiOTÁRIOS", vão pra rua protestar, eles param por R$50 que qualquer polítoco ceda. Isso é absurdo! Cadê a vergonha na cara?!!! Cadê o amor ao país?!!! Realmente isso não se ensina mais nas escolas!
Ah, deve ser melhor ao invés de meter as caras, protestar, ter os R$50 pra abrir a mala no pátio da faculdade, colocar uma música bem alta, pra ser o popular, pra ser o que tem carrinho, o que chama mulher pra perto. O nosso país está cada vez mais pertido e não vejo saída, pela juventude incompetente das faculdades da vida.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

A tal da lei...

(LEI SECA Nº 11.705, DE 19 JUNHO DE 2008)

Esses caras beberam?

A lei seca não afeta o mais famoso alcoólatra deste país e sabe por quê?
Porque EU pago o motorista dele!
É... essa lei é mais uma que só afeta os pobres...
Se ele bebe mesmo quanto dizem, pelo Principio da Isonomia (CF artigo 5º caput), exijo que esse sujeito passe pelo teste do bafômetro diariamente, antes de sentar-se na cadeira da presidência, afinal, por que ele pode dirigir nossas vidas embriagado (como dizem) e eu não posso dirigir meu carro após tomar UMA cerveja?
Traduzindo esta lei, é mais ou menos assim, se um filho não faz seu dever de casa, todos os outros ficam sem TV, entendeu?
Estou pagando por um erro que não cometi.
Eu deveria gostar era de incendiar índio, vencer licitações ilegalmente, roubar a grana pública, afogar calouros de faculdade de medicina... ao menos não seria punido... mas eu tinha que complicar!
Eu tinha que gostar justo de algo tão criminoso como tomar UMA cerveja, no fim do dia?
Meus caros! Happy hour com toddynho não vai dar!
Além de tudo, agora sou obrigado a fazer prova contra mim mesmo (cadê a Constituição?),e se eu me recusar basta o uso da subjetividade da autoridade policial pra que eu me lasque, enterrando de uma vez o principio da presunção da inocência e do direito ao contraditório.
É...isso só serve pro caso Renan, Dilma...
Mas somos versáteis, vamos dar um jeito nisso...

A primeira dica é engordar. De acordo com o site
http://www.detran. rs.gov.br/ clipping/ 20080623/ 06.htm, se você pesar 99 quilos, pode tomar dois copos de cerveja e não atingir o tão temido 0,6%.

Que tal aniversários por vídeo conferência? Cada um bebe na sua casa, mas na hora do parabéns tem que cantar junto, tá?
Emergências? Vixe, se você não pode dirigir porque tomou UMA cerveja e vai praticar crime, chame o resgate, mesmo que seja apenas um arranhão, afinal, se pudesse dirigir iria até uma farmácia, como não pode, eles que te levem pro hospital, ou a nova lei me obriga a ter ataduras em casa? (Xi... lá vem uma emenda a lei...)
Agora, jantar romântico com uma garrafa de vinho, naquele restaurante que marcou a vida de vocês, só se o sogro for buscar, ele vai adorar sair da cama no meio da noite pra ajudar os pombinhos! (como se já não bastasse ele ter ficado com as crianças)
Não fomos proibidos de beber UMA cerveja, fomos proibidos de voltarmos pra casa, alguns até adoraram a idéia...
Não fomos proibidos?
Claro que sim! Pois ou bem pagamos a cerveja, ou bem pagamos o taxi, as duas coisas não vai dar...
Bem que podiam lançar o B.C, o Bolsa Cerveja, a mesma grana que dão pros bolsas tudo, podiam destinar a quem gosta de uma cervejinha no fim do expediente, com essa grana, podiamos pagar o taxi pra irmos pra casa... o que acham?
Ou pagar o estacionamento, né?
Ou você acha que a Segurança Pública deste País vai cuidar do carro que você deixou estacionado na rua, próximo ao bar que você tomou UMA cerveja e teve que ir embora de taxi...
Voltar de carona?
É... pena que nem todos moram pras mesmas bandas. Mas também se o cara ficar sentado só te vendo beber UMA cerveja tranquilo e depois ele tiver que se deslocar 30 km da rota dele, enfrentando o trânsito infernal deste País, pra te levar pra casa, você poderá dizer que tem um amigo, mas olha, um grande amigo!
Podiam ao menos melhorar o transporte coletivo, né?
Chega de utopias, o assunto aqui é sério...
Nem me olhem torto, eu não votei nessa gente e não tenho culpa se eles tem problemas sérios de auto afirmação e precisam radicalizar.
Estamos sendo punidos pela incompetência dos nossos legisladores e do judiciário.
O índice de acidentes envolvendo bêbados é elevado (envolvendo NÃO bêbados também), mas não defendo bêbado, quem dirige embriagado tem mais é que se ferrar, expõe a sua vida e a dos outros.
A pena pra quem dirige BÊBADO deve ser muito severa, mas daí a punir quem bebeu UMA cerveja, já é demais!
Quantas e quantas vidas já foram subtraídas por motoristas embriagados (e NÃO embriagados também), mas eles não foram punidos, isso é incompetência dos legisladores e do judiciário.
Agora pra puní-los eu tenho que ser punido junto?
Nivelaram o povo por baixo.
Enquanto os taxistas sorriem, todos os demais seguimentos profissionais que gostam de UMA cerveja, choram...
Esta semana enterramos o happy hour, a única coisa que sobrava pro sofredor trabalhador brasileiro, era desestressar tomando UMA cerveja no final do dia.
Mas valeu!
Quem sabe agora o povo vai mais cedo pra casa, cansados, cabeça e sacos bem cheios.
Pode ser que comecem a ver os noticiários, percebam o lixo que está este País, e repensem seus votos, as eleições estão aí (to começando mesmo a gostar desta lei!), espero que instalem Lulômetros na porta dos setores eleitorais, pois essa droga sim, fez um baita estrago em nossas vidas.
Lindo dia pra todos e lembrem-se se forem votar, não bebam.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Pseudhaem Jornalisthus - Gilberto Valle


Eu não gosto de métrica...
Não gosto da poética perfeita,
Aquela que é bonitinha, tu engole e deita.
Não gosto de pessoas céticas,
Hipócritas da intelectualidade!
Jamais serei um! E quero transparecer isso...
Chega de tanta complicação, se você leu, você leu.
Se não leu! Ah foda-se!
Triste daquele que não lê, é fato, mas julgar por isso?
Se a pessoa não gosta, vai ser julgada por isso?

Ah mundinho "pernambuquês"...onde o bom é ser "popular", é conhecer "gente" e fazer parte do "meio".

Mas quando as costas se viram, o falatório começa...o mar de hipocrisia que move a sociedade. Um comentário vira um maremoto, mas é isso que a "galhera" quer, atenção. Creio que Pernambuco tem o maior número de "pseudo-jornalistas" da face da terra.

Vocês merecem o silêncio meus caros "fidalgos".

O silêncio da cidade em que rodamos por la noche. La cancion inesperada de vida, de amor...de existir.

Será?

Perguntem aos "Pseudhaem Jornalisthus" de cada faculdade de esquina. Porque pra se formar em jornalismo aqui, basta um boteco...isso é fato.

Claro, pra discutir as notícias do jornal do dia...como se tivessem lido o novo livro de Xico Sá, que nem aqui foi lançado e de quem sou fã, confesso.

Mas aí dizem: "sou amigo dele, peguei com ele em São Paulo". Que nada! Tava no jornal de hoje, mas é o que move os "populares", as grandes "amizades"...

A mesma coisa de sempre...

Este é o tal modus vivendi style, ou Recife Original Style?

Por que não "estilo"?

Creio que sim.

sábado, 14 de junho de 2008

A estrada de névoa - Gilberto Valle


A névoa pairava sobre a estrada...

Apenas se se ouvia os passos, um atrás do outro, no contato com a areia batida. Passos estes que eram infindos, sem a certeza de onde se pode dar. A tiracolo, um violão folk, uma gaita no bolso, uma carteira de cigarro e uma pequena garrafa de scotch.
A enebriante estrada, aquela que leva os pensamentos até os mais profundos sentimentos. A ida em busca de um caminho de vida por lamento...Sim, por lamento. Noite fria se aproxima e o "bluseiro", vai dormir na estrada, olhando o céu e as estrelas.
Ele junta alguns galhos, acende uma fogueira como fariam os antigos, puxa a viola da capa e lamenta para o céu, pras estrelas, pra vida. Lembrava de Bo Didley, nos primórdios. Quando os negros se juntavam ao redor da fogueira, pra lamentar os maus tratos, o trabalho injusto, o preconceito...Do sofrimento de uma raça nasceu o Blues.
O fogo estalava e marcava o compasso em sua mente, compassados como os pés de Hooker, sempre perfeitos, como se nenhum instrumento pudesse acompanhá-lo, ou fosse capaz de fazê-lo tão bem. A pedra inicial.
A mente sonhava, tomava rumos imensos. O lamento saía firme de sua viola...ele buscava o caminho dos antigos mestres nos dias atuais. Seria este o rumo a seguir? Ele tentaria! O Blues e a estrada, combinam. Ele tomava mais um trago do scotch e acendia o velho companheiro de solidão, o fumo. Imaginava um solo de Clapton, acompanhado da sutileza límpida de BB...Os dedos tocavam a música do coração, e sem companhia de corpo presente, ele ouvia no vento o som de Sonny Boy, como se a brisa o acompanhasse tal qual a gaita do mágico.
As pernas pesavam da caminhada...necessitavam descanso. Ele cobriu os olhos com seu chapéu, apoiou a cabeça na viola e pensou na vida, na busca de um caminho inseguro. Mas ele iria. Adormeceu...
Assim que os primeiros raios começaram a aparecer ao céu, ele pegou a viola, bateu o pó da calça, e seguiu a caminhar até o próximo destino indeciso. Mas, esse destino, por mais que fosse distante, na sua mente já era o Mississipi, ou até mesmo New Orleans. Afinal:

"o que importa é você tocar como se sempre fosse a primeira vez" (BB King)

The thrill is gone, baby!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Acordei Suave - Gilberto Valle


Hoje eu acordei suave...

Com tanta injustiça e tantas mentiras
Com tantas palavras utilizadas sem razão

Os erros não são mais erros
Perdeu-se no tempo, a palavra "desculpe"
As pessoas não reconhecem suas falhas, agridem
A razão, a elas mesmo, de forma inconsciente.

Os castelos se desmancham em palavras torpes
Que não são medidas contra a razão
Das coisas?
Da vida?
Da humanidade?!!!

Ah mundo idiota! Com pessoas mais ainda.
Onde as sandices não findam, tamanho o "amor"
Amor? Que nada!
É desespero! Amar é diferente.
Quem ama tem dicernimento, tem a capacidade de análise antes de proferir injustiças.

Um só corpo e um só sangue, só Deus, meus caros...
O resto é balela brega!

Lembrem-se sempre que as pessoas são falhas
E até mesmo quem a gente "ama" falha
Pode falhar...são humanos!
Mas as demonstrações tem que ser maiores, exacerbadas, exageradas.

E, aceitar um desculpe, certamente te fará...

Acordar suave...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Um universo de farpas batidas - Gilberto Valle


A noite cai. É nessas horas que penso que as pessoas tendem a pensar mais. Faz sentido. Claridade, barulho, é estranho na minha cabeça. Não que hoje em dia viva uma vida noturna como há tempos. Talvez seja essa hora que o universo mental das pessoas esteja mais repleto de idéias e vontade. Gosto de destilar minha fúria de palavras constantemente com pessoas que escutam e tem algo a dizer.
Algo a dizer... pode ser meio complicado, nem sempre compreendemos, nem sempre sou compreendido. E quem disse que quero?
Só que o universo está a nossa disposição pra ouvir. Cansei das mesmices, das intrigas, desse meio normal de pessoas que vivem vinculadas ao passado, sempre lembrando de coisas que não se libertam. Que, de um certo modo invejam o poder que outras possuem de superação. Elas não entendem: "ninguém é igual a ninguém", já dizia a canção.
Uma das frases mais certas do mundo é a tal que diz: "cada cabeça é um mundo". Não fica apenas nisso. Seria, na minha concepção, um universo mental de massa cinzenta, de massa branca, prótons, neutrons e tudo mais. Pensamentos...dos mais inescrupulosos, singelos, pútrefos e tudo mais. A mente é de fato um universo. Cabe a você saber o que é saudável pra manter o mesmo num estado atmosférico vital.
Só que as pessoas não sabem de fato.
Reconheço, que não um expert, mas no meio dessas confusões mentais que tanto as pessoas gostam não me meto mais. Odeio as intrigas de comentários, de falsidade e das traições. Não suporto nem ouvir uma pessoa que conheci no dia falando em tom de intriga ao telefone. Deletei isso há um certo pouco tempo do meu universo e foi uma das melhores decisões que tomei. Notável, é que as pessoas parece que precisam disso, e hoje posso me dizer que rio das mesmas. Estou mais leve, saudável e feliz. São os meus questionamentos que estão maiores que certas vontades e acho que assim tem que ser. Ando analisando algumas coisas e digo abertamente: "tem pessoas que gostam das confusões por um mero prazer." A leveza de espírito é o que deve valer. O saber ouvir, mesmo quando o tom parece de crítica e apenas é um comentário. Noto que talvez a "independência" mental é complicada demais, porque todos querem fazer aquilo que acham que deve e nem desejam escutar algo contrário. Felizes daquele que possuem alguém pra alertar com um conselho. Se bem que, até hoje em dia, isso está ficando escasso nos "universos" mentais e intelectuais. As pessoas não sabem distinguir conselho de críticas, que uma simples opinião, por achismo não possa ser a sua verdade, mas pode ser a minha. Infelizmente, ainda tenho que ouvir algumas merdas da vida, ou alguém falando um monte de asneiras, fofocas, opiniões sem nexo, discussões infantis, decadentes, e tudo mais. Faz parte do universo delas, mas não me atingem mais. E vou vivendo com meus questionamentos, estando certos, ou errados.

terça-feira, 27 de maio de 2008

O eterno jogo de modismos - Gilberto Valle


Depois de algum tempo, analisando o movimento de ir e vir das pessoas tidas do meio "CUltural" de Recife, noto que estamos cercados de um bando de seres sem a mínima personalidade. Como sempre, muitos podem questionar e pregar a diversidade cultural e que sou meio que rígido de pensamento e idéias. Mas não, tem gente que muda, compra roupas de acordo com o modismo que rege a cidade.
Exemplos muito claros disso estão onde encontramos há alguns anos atrás as menininhas da cidade, todas vestidinhas de saia hippie, blusinha coladinha de alça e sandália rasteira, praticamente vivendo na época de J. Joplin (será que elas sabem que foi Janis?). Coisas do puro modismo momentâneo que move a cabeça dos fracos. Vocês fazem a alegria de bandas como o The Playboys que tiram onda da cara de vocês em frases tipo: "Que legal você chegar no Burburinho e encontrar as gatinhas todas de sainha, sandalinha e bater aquele papo de antropólogo". Fazer o que não é? Aí temos a resposta, sou "Original Olinda Style". Como pode ser, sou do "psy trance", sou "punk", sou "hard banger, sou "forrozeiro", sou "pagodeiro". Quanta pretensão amigos! Vocês são capazes de dizer o que são pro meio...mas na verdade não sabem quem são.
Vamos seguindo, porque como falam os "entendidos" as tendências vão e voltam. Há muitos anos, antes do Programa Livre existir no SBT, Serginho "Fala Garoto", já tinha outro programa de TV, Cultura, no mesmo estilo e o Ratos de Porão estava lá. Numa das perguntas um jovem que tinha o cabelinho penteado com gel, usava óculos "fundo de garrafa", com camisa de botão por dentro de uma calça social, perguntou a João Gordo o seguinte: "João, adoro o som de vocês, tenho todos os discos, mas muitos dos meus amigos dizem que isso é fachada minha, porque não tenho moicano, não uso calças rasgadas e camisas pretas. Queria saber sua opinião." Aí me deparo com a resposta: "Tenha certeza de que você é mais autêntico do que qualquer um desses. O cara não precisa fantasiar pra curtir. Eu só raspo meu cabelo e faço moicano porque meu cabelo é uma merda desde que nasci. Queria eu ter cabelo bom pra deixar crescer." Honestamente, eu achei isso genial. Isso me fez fã de João Gordo desde essa época. As pessoas podem gostar de moda? Claro! Mas, o importante é fazer a sua moda, do seu jeito. Fodam-se as tendências, fodam-se os estilistas, foda-se o meio onde porque nasce uma coisa nova na cidade, todo(a)s tem que usar.
O pior é que tem gente que se preocupa com isso. Até porque, misturam algumas desilusões da vida com a moda. Ah, minha amiga você é mais que isso. Aquele questionamento de: "Será que pra eu me agarrar com um carinha em algum local, terei que vestir saia de Hippie?". Porra nenhuma! Se você gosta de ser elegante, seja! Se você quer usar óculos "retrô" (enormes e do tempo da minha mãe) use! Se tu queres usar óculos de armações claras e mais uma pochete imensa (típico de galerinha de raves)faça! Se tu queres raspar a cabeça, raspe! Se queres colocar uma tatuagem, coloque! Agora faça tudo isso por você e não pelo que o meio dita!

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Ao Predador - Gilberto Valle


Semana passada abro uma das revistas de maior circulação nesse país e fiquei meio indignado com uma coisa que li. Falar "meio" indignado é até generoso, porque fiquei completamente revoltado com o Ilustríssimo Ministro da Cultura, senhor Gilberto Gil. O motivo: "Gilberto Gil quer dar a patente de Patrimônio Cultural do Brasil para o Chá de Ayahuasca, utilzado pela seita do Santo-Daime. O chá tem efeito totalmente alucinógeno, similar ao LSD".
Pois bem. Agora eu penso em diversas coisas que já li, já ouvi, assisti, presenciei e etc...
Vou junto ao interior dos meus pensamentos e questiono: "Esse ministro idiota não tem o que fazer não?"
O Brasil tem um potencial cultural imenso, todos estão cansados de saber, no entanto, está mais que provado com essa atitude do referido ministro, que até mesmo quem faz a arte precisa estudar, se preparar pra fazer realmente algo que preste. Errôneo é achar que um cantor e compositor de renome como o Gilberto Gil é, iria fazer algo que preste num Ministério. Ao contrário! Ele conseguiu desagradar diversos milhões de pessoas, centenas de artistas que assim como ele, lutaram pra que esse país fosse um pouco mais democrático. O que leva um ministro, tirar um percentual dos direitos autorais de música de compositores que vivem disso e quase nunca recebem, dizendo que é "pra construir uma escolinha no interior do estado da Bahia"? E ainda julga os artistas errados quando os mesmos vão a mídia e falam do JABÁ que é pago (inclusive por ele), pra se ter o nome vinculado ao meio. Ao contrário desses que vivem a sombra da mídia, o senhor Gilberto Gil, teve o número de shows triplicados, o cachê aumentou bastante e já foi descoberto que as suas composições, não são financeiramente prejudicadas como a da grande maioria. Detalhe básico, é que o orgão criado pra registro dessas composições e execuções, é presidido pela a esposa do mesmo. Enfim, com isso me pergunto: e os tantos talentos que nascem a cada dia em busca de oportunidade? E aqueles que vivem se matando de estudar, de ler,de fotografar, de fazer curtas, de fazer peças teatrais no meio das ruas a troco de míseras moedas, como ficam? A resposta é clara! No meio das ruas mesmo, pelas esquinas da cidade.
Agora entendo, porque o Chico Buarque de Hollanda, negou o convite pra ser o Ministro da Cultura de Luís Inácio (pra quem não lembra o convite foi feito a Chico e o mesmo negou dizendo que tinha apoiado, mas não se mete em política nenhuma). Ele no fundo já tinha a desconfiança de que o convite era mais pra enganar o povo. Tipo, se eu coloco uma pessoa pública o povo vai esquecer de tais problemas, os mais sérios. E, realmente, quem caiu em cima da cultura nesses anos de governo de Lula? Ninguém! Os escândalos foram se acumulando em outras áreas e agora, no fim, e pra completar, o Ministro Gilberto Gil, faz o favor de defecar onde estava "limpo" por falta de idéias e atitudes. Mais um acréscimo pro saldo devedor do Governo Lula, devedor com o povo, diga-se de passagem. Honestamente, numa das discussões com pessoas de mais idade que vivenciaram muito mais do que eu toda essa história de partido de esquerda, partido de direita, fiquei impressionado com uma frase que era: "As pessoas inteligentes desse país já estiveram com Lula, mas hoje em dia o repudiam." Não acho que seja um comentário meio que em tom de superioridade, no entanto, é um desabafo, porque depois de tantos anos vendo os "direitistas" roubarem esse país, surgiu uma esperança. E a pior decepção, é quando você se mostra igual ao que te roubou durante anos.
Vendo esse cenário de tanta desilusão no país, vai que o senhor ministro está certo mesmo. Melhor tomar uma porcaria dessas e chapar a ver o que ele e a corja dos "iguais" (assim deveriam se chamar todos aqueles que roubam, independente de partidos), pintam com o povo. E ninguém hoje em dia faz mais nada, porque até cara-pintada virou profissão remunerada.


segunda-feira, 12 de maio de 2008

A dor de quem vive velho - Gilberto Valle


Conheço uma senhora de 88 anos de idade. Totalmente lúcida, mas com certos problemas de saúde pela idade, coisas muito desagradáveis. Infelizmente, essa senhora tem ainda outros problemas com que esquentar a cabeça, mesmo com toda esse tempo de estrada. Esta semana mesmo, ela tava conversando comigo e disse que o governo não depositou a pensão dela, que já foi tão reduzida pelo governo passado (aquele Tucano).
Ela teve que arrumar alguém pra resolver essas questões no Ministério da Saúde pelo telefone, só que os grandes funcionários do referido local, exigem que a senhora de 88 anos compareça ao local, sem dó, nem piedade. Quer dizer. Você tem que comprovar que está vivo pra poder receber salários. Ninguém mais, nesse país chamado Brasil, tem o direito de envelhecer? O que parece é isso mesmo. Com todas as exigências cadastrais, de ano em ano, onde a própria pensionista assina com o próprio punho um documento, independente de idade, agora tem que comparecer mensalmente por conta de desconfiança do Governo?
E os remédios que essa senhora precisa pra sobreviver? A mesma toma mais do que 10 tipos de remédio, principalmente, depois do infarte que sofreu aos 87 anos. Foram 5 meses de internamento, segundo ela, um inferno.
Logo após isso. Ainda em estado de recuperação tem que superar a morte do primeiro filho. Uma dor, que só mãe mesmo, sabe o que é.
Pra ter que aturar esse tipo de absurdo no final da vida, é de acabar com a vontade de viver mesmo. E, o que mais impressiona também é o tipo de atendimento. Você chega no prédio da SUDENE, num andar do Ministério da Saúde, e todos olham pra você, dois cochilavam em cima das mesas de trabalho e é praticamente um favor atender uma senhora de 88 anos. Depois, reclamam porque o neto da mesma senhora, falou ironicamente com uma das ilustres "senhouras", que se dispôs a atender interrompendo sua leitura da parte de fofocas na página de algum site referido na internet (com tanta gente querendo trabalhar, tanta gente qualificada).
Sinceramente, pra onde vamos? Onde está a vergonha nesse país chamado Brasil? Onde estão os valores, tão pregados pela "sociedade" e por essas ONG´s de merda?
Cadê essa merda de Governo PTista dos infernos que ia melhorar tudo pro cidadão? Ah, continuamos nadando nesse mar de espúrias, enquanto os cartões corporativos, os mensalões, os desvios, as bolsas escolas da vida e tantas outras reinam.

É. "EU TAMBÉM NÃO SEI DE NADA!"

Vou terminar dizendo uma frase com a qual me despedi:

"Obrigado, por toda sua atenção. Desculpe interromper sua leitura senhora. Agora, um país que não respeita seus idosos, mostra realmente o que é. Uma merda!"




PS - A senhora de 88 anos é minha avó, Maria Dolores da Costa Carvalho e todos os fatos ocorreram hoje, no dia 12/05/2008. O neto nem precisa dizer quem é...porque ainda disse pouco, pelo gênio que tem.

Foto - Ivan Alecrim

sexta-feira, 9 de maio de 2008

A tal música cabeça - Gilberto Valle


Pois bem. Estava eu, vendo um vídeo dos inúmeros do Youtube, com Tom Zé, falando sobre Rita Lee, naqueles tempos de mil novecentos sessenta e tantos...
O vídeo em si, é bastante interessante, entretanto, me remete a algumas coisas que não pensava. O fato de Rita Lee, como compositora. De uns tempos pra cá, a imagem dela na minha cabeça (ainda é), é de uma figura altamente chata, feminista exacerbada e no mínimo sem classe.
Mas, pensando como Tom Zé, ela deve ter seu valor como compositora sim, e eu nunca tinha parado de fato, pra analisar a possibilidade. Desde a época dos Mutantes, só se falava em Sérgio e Arnaldo. E Rita? Talvez aquela voz suave e muito boa diga-se de passagem não fosse suficiente pra vencer a sociedade machista da época. Ela deve ter muito ali no meio e por isso também deveria ter seu merecido valor.
Mas, o que ainda me chamou mais atenção no vídeo, foi ouvir Tom Zé falar. Ele parece um cara boa gente, de fato, é inteligentíssimo. Mas, eu penso que pra bater um papo. No meu gosto e conceito de música, essas pessoas que gostam das tais "músicas inteligentes demais", são um saco. Tom Zé não tem culpa não. Ele é bom letrista, tem idéias muito boas pra passar em textos e exprimir, mas musicalmente falando acho fraco. Lembro-me que a única música que de fato gostei dele, falava de bananas, algo bem mais simples daquelas complexidades que os "pseudos" ouvem e dizem: "Pô cara. Genial!Isso sim é a música cabeça". Eu diria: "uma merda". Não me venham dizer, porque o cara coloca um jornal no meio da música, uma broca de furar parede é gênio e que isso é "música cabeça".
Continuo preferindo um samba regado a cerveja, whisky e um bom limão de Aldir Blanc, uma das mulheres de Chico, ou até mesmo, a poesia de do saudoso Vininha. Música é poesia, musicalidade, harmonia, e alma.
Com todo respeito Tom Zé. Ah, gostaria de conversar com você.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A roda - Gilberto Valle




Regressar é reunir dois lados. Talvez você não entenda pelo fato de não ter passado, ainda. Deus queira que nem passe. Longe de mim desejar o mal a alguém, ainda mais a uma pessoa "humana". A grande roda gigante da vida, meus caros. De que lado você está? Há quanto tempo perdura isso? Respeito com ela...jamais sabemos o lado que estaremos. E digo mais, só quem passa do lado de baixo, num mar denso de lama é que sabe o que é a vida.
Vamos seguindo. Vamos vivendo.

Cíclico - Gilberto Valle

Você vai sendo criticado, falado apenas na surdina. Entre as maiores surdinas que se podem existir. A das costas...Hoje em dia você vale o que você tem. As pessoas vivem num mundo frívolo, fútil e ridículo. Sim, é certeza. Humilde opinião de quem passa na pele os momentos mais angustiantes da vida.
Claro, tens que ter dinheiro, tens que ter teus bens, tua vida "social". Mas o que é a sociedade? O que é ser social? Eu nunca quis ser popular, apenas tinha meus amigos de coração e muito restritos. Porém, até por eles (ou principalmente por), você é julgado pelo que tem, pelo que possui, ou pode proporcionar. É duro você se notar esquecido por pessoas que você tanto conversou, exprimiu idéias, criou e principalmente...viveu. Será?
Penso que aquele que é realmente amigo, não deixa de ser independente de situação. Quem ama também é assim, desde que o amor seja verdadeiro. Coisa difícil hoje em dia. Mas é fácil dizer: "é exagero de sua parte!". Aí respondo apenas: "é muito fácil ser amigo assim."
Já dizia meu sábio avô, que "os amigos verdadeiros, são os certos nas horas incertas". E sabe o que mais frustra? Que pessoas que um dia já viveram perto de você, ainda se acham no direito de dar palpite sobre a vida alheia. Não sabendo das dificuldades, das tentativas negadas, e do esforço.
O tempo passa pra todos, é fato. E falar quando se está por cima, é fácil...

Lembrem-se apenas que o mundo é cíclico, caros amigos...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Aramât - Gilberto Valle

Nos teus braços encontro um ninho...aconchego que acalma. Sinto pele, bem branquinha...tuas costas, num desenho bonito de deitar e beijar.
Os olhos lindos que me olham, que entendem, e brilham.
Sinto o ir e vir como se fosse um raio, nunca é demais...
A inteligência, o espírito e o amor. Bonitinha.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A massa que faz o pão - Gilberto Valle

Como é complicado o medo do nada. De ficar como um nada no meio do mundo. De fato, os incessáveis pensamentos, as constantes idéias viram sonhos, apenas eles movem o sujeito, nos dias atuais de guerra desumana.
Por onde ir? Pra onde seguir? Acho que no meio racional de se pensar, particularmente, vejo uma situação cada vez mais complicada. Pelo meio. Sim, tudo hoje em dia é movido pela moeda, pelas cifras...Na grande maioria das vezes injusta, desigual, desumana.
Pra onde caminha o povo? Pra onde viver a vida? Sim! É, são esses alguns dos questionamentos atuais da mente. Hoje em dia, tu esbanjas, amanhã, praticamente imploras pra ter grana pra uma passagem de ônibus. Num país onde até pão não é mais alimento pra todos, me pergunto, se o compositor estava certo quando afirmava em sua bela canção: "A massa que faz o pão, vale a luz do teu suor"? Como é bonita essa frase!
Mas, nos dias de hoje, teríamos que reluzir como um refletor, pra pelo menos ter uma vida digna, longe de luxos...Será isso justo?
Perdoem-me, é complicado pensar. Até porque pra exprimir idéias nesse país, você tem que ser alguém pro meio.

quarta-feira, 26 de março de 2008

O Velho Mestre





Nesta entrevista concedida ao jornalista Ignacio Ramonet, Fidel Castro reflete sobre o futuro de Cuba após ele deixar o governo. Autoridade máxima na ilha desde que a revolução liderada por ele ter tomado o poder em 1959, Fidel anunciou hoje que não seguirá como presidente de Cuba. A entrevista abaixo faz parte do livro Fidel Castro: Biografia a duas vozes (Boitempo Editorial).



Se você, por qualquer circunstância, desaparecesse, Raúl seria seu substituto
indiscutível?


Se amanhã me acontece alguma coisa, com toda a certeza a Assembléia Nacional se reúne e o elege, não resta a menor dúvida. O Escritório Político se reúne e o elege. Mas ele já tem quase a minha idade, está me alcançando, é um problema de geração. Temos sorte de os que fizeram a Revolução já terem formado três gerações. Também não se pode esquecer dos que nos precederam, os antigos militantes e dirigentes do Partido Socialista Popular, que era o partido marxista-leninista, e conosco veio uma nova geração. E depois, a que vem atrás de nós, e imediatamente depois, as da campanha de alfabetização, da luta contra bandidos, contra o bloqueio, contra o terrorismo, da luta em Girón, dos que viveram a Crise de Outubro, as missões internacionalistas… Muita gente com muitos méritos. E muita gente na ciência, na técnica, heróis de trabalho, intelectuais, professores. Essa é outra geração. Somem-se os que agora são da Juventude e universitários e assistentes sociais, com quem temos as relações mais estreitas. Sempre houve relações estreitas com os jovens e os estudantes.

Ou seja, você acredita que seu verdadeiro substituto, mais do que uma única pessoa, mais do que Raúl, seria mais propriamente uma geração, a geração atual?

Sim, já há algumas gerações prontas para substituir outras. Tenho confiança, e sempre digo isso, mas estamos cientes de que são muitos os fatores que podem ameaçar um processo revolucionário. Há os erros de caráter subjetivo… Houve erros, e temos a responsabilidade de não ter descoberto determinadas tendências e erros. Hoje eles já foram superados.
Eu disse o que aconteceria amanhã; mas já estão aí as novas gerações, porque a nossa está acabando. O mais jovem – digamos, falei do caso de Raúl – é apenas uns quatro anos mais novo que eu.
Essa primeira geração ainda coopera com as novas, que acatam a autoridade dos poucos que vamos ficando. Há a segunda; agora a terceira e a quarta… Eu tenho uma idéia clara do que vai ser a quarta geração, porque você vê os garotos da sexta série fazendo seu discurso. Que talento estamos descobrindo!
Descobrimos milhares de talentos, esses garotos impressionam, causam impacto. Não se sabe quanta aptidão e quanto talento há no povo. Eu defendo a teoria de que a aptidão é natural; se não for para uma coisa, será para outra, para o computador, para a música, ou para a mecânica. A aptidão é natural, uns a têm para uma coisa e outros para outra. Agora, desenvolva e eduque uma sociedade completa – isso é o que estamos fazendo – e veremos no que vai dar. Esses são os oito milhões que, depois do primeiro ano do período especial, subscreveram: “Sou socialista”.
Eu tenho muita esperança, porque vejo com clareza que esses que chamo de quarta geração vão ter três, quatro vezes mais conhecimento que nós da primeira, e mais de três vezes o conhecimento da segunda. E a quarta deve ter, com tudo o que se está fazendo agora, pelo menos duas vezes e meia o da terceira. Escute bem o que vou dizer: virão mais pessoas para ver o desenvolvimento social deste país, as coisas sociais deste país, que as praias de Cuba. Nosso país já faz coisas… Um país pequeno que pode fornecer o pessoal de que as Nações Unidas necessitariam para a campanha que o secretário-geral propôs para liquidar a aids na África. Hoje isso não pode ser feito sem os médicos cubanos. Entre Europa e Estados Unidos, não chegam a mil os médicos que vão aonde estão nossos médicos. Digo mil porque estou exagerando, não se sabe quantos… Nós oferecemos às Nações Unidas 4 mil médicos; agora já estão lá mais de 3 mil. Então isso nos dá uma certa satisfação; neste país bloqueado, neste país que tem sofrido mais de quarenta anos de bloqueio e dez anos de período especial. Criamos capital humano, e capital humano não se cria com egoísmo, estimulando o individualismo na sociedade.

Você está dizendo que esta Revolução não está esgotada?

Sem dúvida ainda não a concluímos, vivemos na melhor época de nossa história, a de mais esperança em tudo, e você vê isso em toda parte.
Tudo bem, é verdade, eu aceito a crítica de que cometemos alguns erros de idealismo, quem sabe quiséssemos ir rápido demais, quem sabe tenhamos subestimado forças, o peso dos costumes e outros fatores. Mas nenhum país enfrentou um adversário tão poderoso, tão rico, sua máquina de publicidade, seu bloqueio, uma desintegração do ponto de apoio. A União Soviética desapareceu e ficamos sozinhos, mas não vacilamos. Sim, a maior parte do povo nos acompanhou, não digo que todos, porque alguns desanimaram, mas temos sido testemunhas das coisas que esse país já fez, como resistiu, como avança, como se reduz o desemprego, como cresce a consciência.
Não é necessário medir nossas eleições pelo número de votos. Eu as meço pela profundidade dos sentimentos, pelo calor, vejo isso já há muito anos. Nunca vi os rostos mais cheios de esperança, com mais orgulho. Isso tudo vem se somando, Ramonet.

Você acredita que a substituição pode acontecer já sem problema?
De imediato não haveria nenhum tipo de problema; e depois muito menos. Porque a Revolução não se baseia em idéias caudilhistas nem no culto à personalidade. Não se concebe um caudilho no socialismo, não se concebe também um caudilho numa sociedade moderna, em que as pessoas façam as coisas apenas porque têm confiança cega no chefe ou porque o chefe assim pediu. A Revolução se baseia em princípios. E as idéias que defendemos são, já faz tempo, as idéias de todo o povo.

Mas a pergunta que alguns se fazem é se o processo revolucionário, socialista, em Cuba, pode também ser derrubado.
Será que as revoluções estão fadadas a desmoronar, ou são os homens que podem fazer as revoluções desmoronarem? Será que os homens podem impedir, será que a sociedade pode impedir que as revoluções desmoronem?


Eu sempre me faço essas perguntas. E preste atenção no que vou dizer: os ianques não podem destruir esse processo revolucionário, porque temos todo um povo que aprendeu a manejar armas; todo um povo que, apesar dos nossos erros, possui um nível de cultura, conhecimento e consciência que jamais permitirá que este país volte a ser uma colônia deles.
Mas este país pode se autodestruir sozinho. Esta Revolução pode ser destruída. Nós sim, nós podemos destruí-la, e seria nossa culpa. Se não formos capazes de corrigir nossos erros. Se não conseguirmos pôr fim a muitos vícios: muito roubo, muitos desvios e muitas fontes de abastecimento de dinheiro dos novos ricos.
Por isso estamos agindo, estamos caminhando para uma mudança total da nossa sociedade. É preciso voltar a mudar, porque tivemos tempos muito difíceis, geraram-se desigualdades, injustiças. E vamos mudar sem cometer o mínimo abuso que seja.
Haverá uma participação cada vez maior, e seremos um povo que terá uma cultura geral integral. Martí disse: “Ser culto é o único modo de ser livre”. E, sem cultura, não há liberdade possível, Ramonet.
Por isso também tenho fortes reservas e críticas sobre a globalização neoliberal, um sistema em que muitas pessoas passam fome. Isso de viver no engano, na mentira, semeando egoísmo, gerando consumismo. Para quê? Para que o homem alcançou essa condição, se ainda nem é capaz de garantir sua sobrevivência?
Não podemos erguer um monumento à nossa capacidade política, o mundo é ameaçado por um monte de perigos. Como sou otimista, eu tenho esperança, sim, de que este mundo vai sobreviver, porque o vejo reagir, vejo que o homem, apesar de seus erros e seus milênios de história – uns poucos milênios, três ou quatro –, em apenas um século multiplicou seus conhecimentos. Mas também muitos desses progressos serviram para semear veneno, servem para transmitir idéias falsas e transmitir informações errôneas.
Eu analiso quando avançamos e quando houve retrocesso, quando caímos na rotina, e quando caímos no plágio. Algumas poucas qualidades, como o costume de não plagiar, de confiar no próprio país, de combater o chauvinismo… Não existe um país melhor que outro, não existe um povo melhor que outro, todos têm suas características nacionais, culturais. Você pode ver na América Latina, somos um conjunto de povos que falamos o mesmo idioma, temos quase, quase a mesma cultura, a mesma religião, a mesma idiossincrasia, temos a mesma miscigenação.
A gente vê que na Europa estão se reunindo os finlandeses, os húngaros e pessoas que falam uns idiomas impossíveis, os alemães, os italianos e todos os outros, um continente que passou cinco séculos em guerra… Pois bem, podemos felicitá-los, apesar de meus critérios críticos, pelo nível de unidade que alcançaram. E digo que vão beneficiar todo o mundo se tiverem êxito. Agora, é preciso ver como vão obter isso, porque os problemas, nessa era de globalização neoliberal, são muito complicados, e você sabe muito bem.
Eu lhe agradeço o interesse. Seu interesse me estimulou muito, porque também li muitos dos seus artigos, seus livros nos têm sido úteis, e o que desejamos é que continue escrevendo livros para nos beneficiar, pois ainda temos muito que conhecer e muito que aprender. Você tem nos ajudado a formar uma cultura geral integral. Porque como se pode viver neste mundo sem essa cultura geral integral? Sem isso o mundo não se salva.
Eu espero também que muitas das coisas que estamos fazendo sejam experiências que se multipliquem. Não desejamos a paternidade nem a patente; ao contrário, ficamos orgulhosos quando alguém faz alguma coisa que possa ser útil inspirado no que se faz aqui.
Trabalhamos muitas horas, para mim foi muito prazeroso, e dentro de alguns minutos vamos nos separar.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Corre atrás - Gilberto Valle

O tempo passa...
Urge, mas passa...
Não adianta pensar demais...
Olha pra frente, faça

Pressão sem paradeiro...
a procura de dinheiro...
Não interessa, a que custa ele venha...
O importante é que você...
O tenha...

É meio desumano...
Achar que foi um engano...
Aquilo que achas, e faz
Fazer o que?
Não interessa...
"Corre atrás"

As pessoas não perguntam como é...
Como te sentes, se é fácil, ou difícil...
Caem nas tuas costas como um míssil...
Te atiram palavras como um fuzil...

Não, não é brincadeira, estou correndo
Não sei pra onde, mas vou...
Se tu não gostou...
Vá pra puta que o pariu!

quarta-feira, 19 de março de 2008

A tristeza de Hamurabi - Gilberto Valle

Bem, começo a digitar essas linhas, pensando nos meus professores de História na época de colégios. É, isso mesmo, colégios. Mas isso fica pra outra. Recordo-me muito bem das Revoluções, a preferida é a russa, claro, mas o que sempre me fascinou, foi o Código de Hamurabi. Como desde aqueles tempos, existem gênios incompreendidos pelas civilizações. "Olho por olho, dente por dente". Uma das coisas mais fantásticas que aprendi. Principalmente por certas coisas que vivenciamos, ou somos obrigados a viver, sei lá...
Ontem, me pego na TV e vejo que uma menina de 12 anos, estava sendo mantida em cativeiro, acorrentada e sofrendo maus tratos por uma empresária brasiliense. Leram? "Empresária" brasiliense, que se comprometeu com a mãe da referida criança a criar a mesma, já que a mãe não tinha condições. Pois bem, a criação era acorrentar a menina pelo pé, num quarto, dar fezes e urina de cachorro, pra mesma comer e beber, queimá-la com ponta de cigarro, colocar uma fita na boca da mesma e passar pimenta em seus olhos, dar choques elétricos, dentre outras coisas muito sutis e saudáveis pra uma menina de 12 anos.
Ah, meu grande Hamurabi, sexto rei da primeira dinastia babilônica, se tu moraste no Brasil seria tão bom! Pra casos como esse então...
Chegou à noite, e numa discussão de amigos, entre um cigarro e outro, Bruno toca nesse assunto. Foi um empate clássico no embate discussivo! Dois defendiam as leis e filmes que relatavam a inocência de pessoas condenadas a pena de morte e dois defendiam a o modo mais simples de resolver problemas como estes. "Me chamem de louco, chamem Bruno de louco e obcecados pela morte, clamei!" Entendo meus princípios e preceitos, a educação que tive, o cidadão que tento ser, o medo que tenho, pra algum retardado vir e tirar a vida de uma pessoa querida, estuprar uma criança de 3 anos dentro de uma igreja, acorrentar uma pobre criança que podia e devia estar estudando e se desenvolvendo, massacrar a alma dessa pobre menina até a morte...
Acho que as leis são uma farsa! E, derrubo o argumento de qualquer um com uma pergunta: "Infelizmente, o caso foi na TV, aí tu me falas de distúrbios mentais, de problemas de cabeça e um monte de coisa. Se fosse a TUA filha porra, tu pensarias assim?".
Honestamente, os gênios como Hamurabi, devem estar muito decepcionados com o país que vivemos e certos tipos de situação. O grande problema é que uma mulher que faz isso com uma criança, não merece viver. Ela merece morrer a míngua, esquecida, com fome e tendo alucinações. Só tomando água, pra pensar na vida e em tudo que fez com essa menina. Trancafiada e esquecida dentro de uma jaula. Mas, como sempre os direitos humanos são mais válidos, nessa porra de país, temos que aguentar. Plagiando o mestre: "Bandido bom, é bandido morto! E tem que ser enterrado em pé, pra ocupar menos espaço".
Encerro afirmando uma coisa que penso e não me omito:

"Tem lugares e casos que direito nenhum devia chegar perto."


terça-feira, 18 de março de 2008

Ensaio Repentino 6 - Gilberto Valle

Me encontro não mais que só. Dentre as cinzas de verdade e um futuro incerto.
A cabeça sempre voando, com sensatez. Será isso possível? Claro que é...já dizia um dos mestres: "triste do ser-humano que não sonha". Embora tudo ainda seja sonho, a mente busca a música, o prazer, a qualidade, e vai acontecer. Nem sempre as vacas magras perduram.
A vida é isso, claro! Se todo ser, tivesse a certeza do amanhã, tudo seria fácil. Então imaginemos...
Sim! Imaginemos numa visão lantequéria, mirantânica...
Troquemos idéias, prazeres, impressões, é disso que temos que beber! Claro. Daí brota o conhecimento mais verdadeiro, aquele que sentimos na pele.
A análise natural das coisas em si. Sem ter que ir buscar isso num profissional, quiçá, pagar por isso. Temos sempre que nos questionar e ir...de um jeito ou de outro.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Nas portas do Bom Pastor - Gilberto Valle

Maria Rita era uma menina bela
A gostosinha da favela
Tão bonita que nem sei
Papai queria uma nora "bem-prendada"
Do tamanha avantajada (Do tipo avantajada)
Foi por isso que casei

Xingaste o vizinho
Calaste o canarinho
Arruinaste nosso ninho de amor
A cerva tu bebeu
Meu fumo tu fumou
Vou te jogar nas portas do Bom Pastor

Jogava feijão na panela pra queimar
O caldo azedava sem ninguém tomar
A vida acabava sem nenhum jabá
Mariazinha eu vou me divorciar!

Xingaste o vizinho
Calaste o canarinho
Arruinaste nosso ninho de amor
A cerva tu bebeu
Meu fumo tu fumou
Vou te jogar nas portas do Bom Pastor

Nas portas do Bom Pastor...nas portas do Bom pastor

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O céu de chumbo - Gilberto Valle

Olhar tua imensidão...na aurora, é um prazer. Mas hoje estás triste, plúmbeo, carregado...
Algo te incomoda imensidão? Não te vejo alegre, estás retido em teu meio...em teu seio, por algum motivo.
Serão lágrimas contidas e seguras no peito pra amargar...a nós? A quem? Não respondeis!
Não precisa, afinal, somos e seremos sempre expectadores teus, tristemente, ou alegremente de acordo com nossos sentimentos. Os teus, a ti pertencem, só a ti.
Nessa imensidão hoje de chumbo.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Riff..Explosion...and The Blues - Gilberto Valle



Um lobo solitário caminha pelas ruas do centro. Camisa de malha, um velho jeans, sapato de couro e um case na mão. A cabeça no mundo, nas luzes da cidade, nos sons de buzinas. Ele passa na banca de revistas da frente do prédio, compra duas carteiras de Marlboro Red e sobe...

O cansaço toma conta, da mente...chega em casa. Deita o case no sofá, abre o mesmo e ela está lá. Essas luzes, as buzinas, a cidade, vai passar a sonidos provenientes de cordas.

Logo acima, no armário, Jack o observa e implora pra participar da reunião. De imediato, um copo baixo é pego, preenchido e degustado pelo lobo. Que soltando fumaça, olha a cidade lá de cima. A movimentação de carros, pessoas, de tudo...agora tão pequenos.

Ele pensa na garota que está longe, sente saudade e imagina, se ela estivesse ali. A imaginação leva você onde quiser, ele pensa, fuma, senta e toca. O que? Ele passa sentimentos, solidão, angústias, alegrias e tristezas pra compor um bom e velho blues.

Blues de vida, blues de armário...o blues do lobo noctívago.