quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Never an Easy Way - Gilberto Valle


Caminhava pelas ruas gélidas de Leeds, quando de repente avistou o Gordon´s Pub, local onde esquentava a alma naqueles tempos inclementes de inverno. Fazia muito frio, daqueles que congelariam até pensamentos dos mais quentes possíveis.
Sam entrou e avistou tudo do mesmo jeito. Aquele cheiro de fumaça pairava no ar...um bêbado dormia em cima de uma das mesas com sua garrafa de whisky quase seca, perto do balcão aquela luz neon com o nome do bar e das marcas de cerveja e cigarros.
Mas, para Sam, aquela noite era diferente. Ele não estava afim de embriagar a alma de ilusões. Olhou o cardápio, e depois de nervosamente passar os olhos sobre a página das bebidas, pediu um café.
Sentia a música entrar pela alma, Morcheeba soava..."Never an Easy Way"...e tomava conta das lembranças da noite passada. Acendeu um cigarro e esperou o café.


Definitavamente, ele só queria lembrar...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O conto do homem menino - Gilberto Valle


Aos poucos Heitor sentia na pele aquela vontade intrínseca de se tornar real. Pretendia vencer suas inseguranças, aquelas que o acompanhavam desde sempre. Mas não sabia como...
Lutava solenemente contra tudo que sentia, pelo fato de confundir amor próprio com respeito a quem o rodeava. Tentava trucidar à todos que fossem contrários aos seus princípios. Não conseguia superar suas chantagens infantis...
Encontrava-se perdido num mundo egocêntrico que ele mesmo desenvolvera para si. Não pensava nas mágoas que poderia causar nas pessoas.
Preferia se fechar no seu casulo de incertezas, a se questionar. Não entendia que outras pessoas são capazes de cativar alguém, mas gostava de citar Saint-Exupery. Que contracenso!
Suas vontades tinham que ser ordens. Até porque quem foi vítima, nunca deixará de ser...vítima de si mesmo.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Cru - Gilberto Valle


Não se assuste menina bonita...
Até quando se é cru, o sentimento aflora
Sem tempo, lugar ou hora...
Até quando a vida é desdita

Sensibilidade é pra quem sente...
Vive e acredita...

E a delicadeza é tua...bonita.





Pra Júlia...a menina bonita.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Nós - Gilberto Valle


Desta feita, no frio intenso da alma
Pedimos calma
Pra que?
Se a vida e o tempo são inclementes
Batalhamos o ser, na busca do ter

Atonicidade que paira sobre nós
Quando sentimos a sensação quase rota...
De nós

Apertados e cegos
Sufocantes e impiedosos
Nós, de todos nós.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Rainha negra - Gilberto Valle


Tantãs e atabaques...soam com a gargalhada do ganzá
Vindos dos navios negreiros
Ecoando com os açoites pardos do feitor
Te saúdo rainha negra

Patuá dos sete poderes
Ogum, Xangô e Iansã
Junto com a idade da sereia
Fazendo baticum com pé no chão

Chuá de cachoeira
A trabalhadora que canta
Com a dança e a ânsia de rememorar

Clarão enganador

Liberdade ainda não chegou.





Homenagem a Moacyr Luz