quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Memórias Cariocas - Parte 2 (Sexta-feira)


O dia começou cedo. Até porque mesmo depois de todas a maratona de cerveja da sexta, o calor no Rio de Janeiro é terrível até a noite. Digamos que mesmo com a hospitalidade de Sergio e Pedro, passamos maus-bocados. Ar-condicionado é item essencial! Se foda para pagar a conta, ou não faça mais nada, caso contrário você não dorme. Eu pelo menos sofri e muito por conta do calor.
Acordamos e decidimos: hoje vamo andar o dia todo. Entrei no computador rapidamente e fui ver os recados e e-mails de minha mãe, altamente preocupada comigo e etc...coisa de mãe.
Pegamos o ônibus 410 (em direção ao Centro do Rio, de Humaitá, se pega ou o 410 ou o 409). Saltamos embaixo dos Arcos da Lapa, e tome andar. Agora começava a epopéia atlética do Rio de Janeiro, com o relógio batendo 11 da manhã, e os termômetros 39ºC. Seguimos para fotografar o Theatro Municipal, de rara beleza. Mesmo em processo de restauro se pode notar a imponência arquitetônica, sua importância para o Estado do Rio de Janeiro e para o país. Daí, seguimos pra Biblioteca Nacional. Por sinal, a coisa mais linda que vi no Rio (pode parecer estranho, mas sou assim mesmo. Gostei da biblioteca e pronto, é meu jeito).
Pegamos voltando no meio de um turbilhão de gente que se aglomerava em horário de almoço pelas calçadas, aquelas cenas de metrópole mesmo. Um inferno ter que andar com gente devagar na rua. Chegamos na estação onde se pega o bondinho para Santa Tereza, ou até mesmo para o Cristo e para nossa surpresa a passagem custava R$0.60. Nós queríamos ir até Santa Tereza conhecer aquele bairro belíssimo. A única coisa meio desagradável, é que o bonde vai extremamente lotado, tanto de moradores quanto de turistas. Penso que deveria haver um limite, mas isso não é coisa para gente da minha alçada decidir. Chegamos em Santa Tereza e se percebe logo outro clima. Parece que não estamos no mesmo Rio de Janeiro, é um silêncio muito gostoso e as casas antigas "lembram" algo parecido com Olinda, mas ao mesmo tempo diferente. As mansões tomam conta de todos os lados, e isso na nossa Marim dos Caetés não é tão comum. Como todos os que me perguntaram, sabiam, o intuito da visita ao Rio era conhecer o máximo de butecos possíveis e imagináveis (e não me arrependi um segundo, é bem mais legal que ir no Cristo, heheheheh).
Chegamos no Espírito Santa, um lugar com aquela cara que já conhecemos, simples, mas caro. Pequeno, de luz ambiente e com o terraço olhando para o vale de Santa Tereza, que é belo e nos mostra outra visão do Rio de Janeiro. Algo como o quintal dos fundos da cidade. O calor persistia cruel, como em todos os dias da nossa estadia na capital carioca. Foi daí que tivemos a "brilhante" idéia de tomar cerveja. No referido local, existem diversos tipos de cerveja, mas, dentre eles, escolhemos uma cerveja nacional fabricada em Ribeirão Preto. Eis que nos surge a "Colorado", a cerveja do "ursinho" (a mesma tem um ursinho como símbolo). Lembrei da queridíssima Petra na hora, pois ela sempre lembra de mim quando vê bebidas alcóolicas em grandes proporções nas suas viagens, não sei o porque. Voltando ao tema principal, vale muito a pena tomar a cerveja, mesmo ela custando R$13,80 (dá pra 4 taças daquelas de Boemia costumeiras em bar e na casa de Fernando, heheheheheh). É uma delícia! Pedimos para acompanhar, um petisco chamado "Trouxinhas de Axé", que são umas folhas cozidas em formato de trouxinha, recheadas com Vatapá de primeira categoria. Coloca-se azeite em cima e uma pimenta maravilhosa que é feita por lá (me lembrou muito a pimenta de Tio Marco Bigodão, pai de Mari. "Pimenta tem que arder o suficiente e não queimar"). Sem falar de umas 8 Boemias degustadas depois, ao menos o preço é mais em conta.
Resolvemos andar por Santa Tereza, mesmo um senhor nos tendo alertado que tomássemos cuidado pois, a favela já tava invadindo o bairro por um dos lados. Fomos a Chácara do Céu, um local de vista privilegiada de todo centro do Rio e da Baía de Guanabara. Depois de contemplarmos a visão altaneira da chácara, começamos a descer Santa Tereza a pés. Foi fantástico, mesmo minha prima Regina tendo achado um ato de coragem extrema fazer isto as quatro e meia da tarde (horário de verão). Mas quem tá na chuva (o sol era de arrombar), tem que se molhar meu amigo! Chegamos na Lapa novamente. Andamos, passamos na frente da Fundição Progresso e notamos que é mais ou menos nessa hora, que os butecos do centro da cidade começam a abrir. Paramos no Antonio´s. De pronto, fomos atendidos pelo Saldanha, cearense da peste, assim como todos os garçons do bar. Depois fiquei sabendo que de carioca, só tem o gerente no Bar, o resto é todo do Ceará, inclusive Antonio, o dono. De cara, pedimos logo aquele tradicional Chopp Brahma e fomos matando a sede. Um atrás do outro! Foi quando Thiago teve a brilhante idéia de tomar um caldinho, que terminou virando torresmo "caprichado" (pedido dele ao Saldanha). Eu confesso que nunca vi um prato de torresmo daquele tamanho. A perdição de Thiago, meus caros.
Daí, os próprios garçons do bar nos mostraram onde era a parada do ônibus para voltar para Humaitá. Chegando em casa, perto das 7 da noite, entrei no computador e foi aí que as emoções começariam a rolar. Quando entro no orkut, tem um recado do Mestre Moacyr Luz - "Giba, coloquei teu nome na minha lista de convidados. Já sabe chegar no samba?". Bicho, isso me comoveu muito. Moacyr Luz, é sambista e compositor dos mais importantes da minha lista e só me conhecia de trocar idéia pelo orkut. É parceiro de Aldir Blanc (meu compositor favorito) com mais de 100 composições juntos, Paulo César Pinheiro, Luis Carlos da Vila (saudoso), dentre tantos outros...O cara iria me colocar como convidado pessoal dele num dos sambas mais concorridos da noite carioca. De fato foi uma atitude nobre, linda e inesperada. Era o gás que faltava! Tomamos um banho e zarpamos rumo ao Clube Santa Luzia, que fica atrás do Aeroporto Santos Dummont. Chegando lá, o negócio não parece nada com um clube. As entradas são de R$15,00 mulheres e R$18,00 homens (tem lugar aqui em Recife cobrando R$20 pra ver cada BOSTA no palco). Thiago de primeira, achou caro, mas depois isso foi por água abaixo. Eu desconfiado perguntei: "Existe uma lista aqui?". A mulher falou: "Me diga o seu nome!", quando disse: "Giba". Ela me responde: "Pode deixar ele entrar tranquilamente, é convidado do Moacyr Luz." Caralho! Até aí eu não tava acreditando. Subimos, subimos e subimos...O samba é feito no terraço, em cima do clube, olhando para noite da Baía de Guanabara, uma coisa linda! Quando entramos, eu não enxergava nada, juro a vocês. Foi quando Thiago, que virou fã confesso de Moa, disse para mim rindo (de nervosismo, ou sei lá): "Meu irmão, Moacyr tá ali véio!" Olhei e ele já se encontrava sentado afinando a viola e tomando água. Procuramos um local para sentar e ficamos apenas olhando. Aí resolvemos aproveitar logo e fomos falar com ele. Nos aproximamos e eu com os discos do Pouca Chinfra que tinha destinado a ele. Coloquei a mão no ombro esquerdo do mestre e disse: "Mestre da Luz!", e ele ri e diz: "É VOCÊ QUE É O GRANDE GIBA?!", porra, isso me fudeu! O cara é simples pra caralho. Pedi licença e apresentei Thiago, grande amigo e fã. Foram momentos de muita intensidade e simpatia. Entreguei os discos a ele e ficamos papeando um pouco. Batemos fotos rapidamente, afinal o samba iria começar. Quando sentei na mesa, a descarga emocional veio pra se arrombar. Eu não acreditava no que estava acontecendo, confesso. Talvez tenha sido a primeira vez nos meus 30 anos que isso aconteceu. Daí pra frente o samba começou e logo de abre-alas, uma sessão de Nelson Cavaquinho ("Vou abrir a porta, mais uma vez podes entrar, é dia das mães..."). Susana querida, agora foi a sua vez de ser lembrada insistentemente! Liguei na hora a cobrar pra dizer a Susana o que estava acontecendo: "O que?!! Giba ele tá na tua frente mesmo?!!!" Faltou você, infelizmente!
Daí o negócio começou a lotar, a lotar, e já chegavam perto de 600 pessoas curtindo e se deliciando com tamanha competência da Roda de Samba do Santa Luzia (além do Moa, tem Trambique que acompanha Zeca Pagodinho há anos na percussão, um craque! Tem o Negrão Angola que também é monstro na percussão e Gabriel no cavaco e voz, acompanhando o mestre, dentre outros).
Daí, outra atitude que me surpreendeu, estava de cabeça baixa conversando com Thiago e foi dado o intervalo da roda de samba afinal, ninguém é de ferro. Foi quando no meio daquele inferno de gente que já aglomerava o Santa Luzia, escuto: "Fala Giba!? Tá tudo certinho aí meu amigo!?" Bicho, Moacyr Luz, passou no meio do povo inteiro para ir na minha mesa falar comigo. São por essas e por outras que começo a admirar mais certos artistas. Quando olho para aqui, vejo como tem gente que não é merda alguma e se acha demais... Obviamente que em todo lugar tem gente mal-educada e egocêntrica e para esses eu digo o seguinte: "É POR ISSO QUE VOCÊS NUNCA SERÃO NADA!"
Batemos mais papo na mesa, quando o mestre pediu licença para cumprimentar outras pessoas que estavam presentes. Cara, isso foi foda!
Posso dizer, voltei feliz demais nesse dia. Incontrolavelmente meu segundo dia feliz no Rio! Graças a Carol e a Moacyr!

Dica 1 - Faça amizade com todo garçom do Rio, perguntando de onde ele é. Geralmente são nordestinos. Faça a maior festa quando souber que você é atendido com EXCELÊNCIA!

E hoje, pra encerrar o Mestre Moacyr Luz, interpretando "SAUDADES DA GUANABARA", parceria dele com Aldir e Paulinho Pinheiro e é a música mais bonita sobre o Rio de Janeiro - http://www.youtube.com/watch?v=xD6iNnJlCGM

Valeu MOA!

sábado, 14 de novembro de 2009

Memórias Cariocas - Parte 1 (Quinta-feira)


Rio de Janeiro, 10 da manhã. Aeroporto do Galeão...longe pra cacete do Centro. Nos deparamos com um forno humano ainda dentro do recinto. Pegamos as malas e encontramos com o Heitor, um grande taxista que virou parceiro. Super simpático, dentro do carro ainda, começou a nos mostrar realmente o que é o Rio de Janeiro, com toda a sua beleza e hospitalidade. As favelas, os perigos, e toda sua indignação com a Globo,também nos foi passada. Segundo o Heitor: "Pô a Globo é aqui do Rio e desce a lenha o tempo todo! Aqui não é assim não!" (coisa que futuramente chegarei lá). Sem falar que negão também trabalhou com o Pedro Butcher, na Editora Abril durante anos. Iríamos nos hospedar no apartamento do Pedro e do querido Sérgio, no bairro de Humaitá, juntinho do Botafogo. Seguindo pelo caminho, demos de cara com um engarrafamento gigantesco, logo onde...LINHA VERMELHA! Cara, de fato o local é meio que estratégico para ser violento, mas passamos sem maiores complicações.
Nisso, o ar-condicionado do carro, começava a não dar vencimento e o Heitor alertava: "Isso mudou de dois dias para cá. Estava frio aqui!". Chegamos, logo quando descemos notei uma coisa. O taxi no Rio de Janeiro é muito barato! Thiago, meu amigo e parceiro de viagem já me tinha alertado sobre isso, e realmente foi muito legal comprovar.
Chegando no Apartamento, deixamos as coisas e pé na rua, melhor dizendo: "PÉ NO BAR MAGO!" Atravessamos a rua e fomos na COBAL, que é tipo um mercado público, sem cara de mercado. Tem loja de tudo...floriculturas do lado de adegas, uma coisa interessantíssima, além do que, tem ótimos restaurantes de diversos gêneros. Ainda por lá, encontramos uma chopperia, com nome de creperia. O que fazer? Um calor beirando os 40ºC...em pleno Rio de Janeiro. "Meu velho! Me manda dois chopps aqui!"
Só que ele trouxe aquele tradicional de 300ml. Foi degustado em menos de 3 minutos por mim e por Thiago que reclamava do calor, inclemente da Rua São Clemente (a frente da Cobal é na Rua São Clemente). Daí pra frente o bicho começou a pegar de vez. Tinha um tal de Chopp de 500ml que era um desmantelo. Cada um tomou umas 4 calderetas (acho isso tão jegue, é copão cacete) e depois voltamos pro tradicional de 300ml. Nessa creperia/chopperia, rolava um bolinho de bacalhau fantástico e barato. Até mesmo em comparação a Recife, onde se come uma porção com 8 bolinhos de bacalhau, a quase R$15,00. No Rio, foram 15 bolinhos por esse preço, e era peixe de verdade mesmo, longe daqueles de festa, que são feitos de "essência de bacalhau", como diria Fernandão. A essas horas o calor já ficar beirando o insuportável nas ruas, ao ponto de Thiago não aguentar mais. Tivemos a brilhante idéia de passar dentro da COBAL, num mercadinho e comprarmos mais cerveja (fiel companheira) e uma tradicional linguiça portuguesa, para ser um tiragosto. Essa coisa de natureba é boa em partes. As pessoas falam que em temperatura elevada, precisamos nos hidratar e comer coisas light. Mas, já imaginaram tomar cerveja (isso que é hidratação) e de tira gosto, folhas de alface? Não cola né...
Voltando para casa (assim nos sentimos no apartamento de Pedro e Sérgio), começamos aquela velha coisa de sempre, cigarro, boa música, cerveja e calor. Daí tive a grande idéia de ligar para uma menina que me matava de saudade. Carolina Pires, minha pequenina genial das lentes. Fazia uns dois anos que não a via, e foi um reencontro foda! Fomos pegá-la em Copacabana, na frente do "Hortifrutchi", (heheheheheh). Quando o taxi para no meio da rua, olho pro outro lado e me deparo com uma figura que também não via a um certo tempo e que havia falado no dia anterior. O Fabra! Com aquele jeitinho delicado e educado brasileiro, baixei o vidro do carro e gritei a plenos pulmões: "FABRA PORRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRA!!!". Imagina a cara de espanto! "GIBÃO CARAI, QUE QUE TU TÁ FAZENDO AQUI?!!!!" Aí virou zona...era abraço em Fabrício e quando menos espero Carol, que voltava da academia, pula em cima de mim. Aquela coisa linda né! (eu acho). A viagem já mostrava porque ia ser do caralho. Tudo tinha que acontecer daquele jeito. Me despedi do Fabra, com um forte abraço e seguimos para a Urca. Carol tinha ido no dia anterior no Bar da Urca, ver a lua nascer na Baía da Guanabara. Chegando lá, achei uma escolha muito certa. O bar nem cadeira tem, fica embaixo de um restaurante tradicional do Rio, e vende uma cerva maravilhosamente gelada. Ou Original, ou Boêmia a R$5,00. Em comparação a Recife é bastante barato, ao menos na primeira opção. Logo de saída Carol pediu uns pastéizinhos de carne pois não havia almoçado e a conversa foi fluindo como as cervejas. Eu adoro Carol, assim como Thiago, que viajava comigo. São pessoas que a conversa vôa na mesa do bar. A saudade só é vista quando a gente começa a conversar depois de um tempo, acho que pra mim é assim. Tanta coisa boa a gente já viveu e nos lembramos na conversa. Do dia em que eu completamente bêbado no casamento de Carol, carreguei ela nos braços vestida de noiva, do litro de vodka no samba (vexame) e os shows de uma Mula que precisa voltar a mancar de novo, ao menos. Gosto de Carol de graça (isso ela escreveu pra mim quando tinha orkut)! Desde o início foi assim. Acho que porque somos autênticos, não temos papas na língua e vergonha de ser como somos. É sempre ótimo ver Carol, que ainda depois disso tudo e de todas as cervejas, teve a sacada da noite. Ah, eu comi 1 pastel de queijo, Carol, pra você não engordar sozinha.
Voltando para deixar Carol em casa, ela deu a brilhante idéia: "Por que vocês não aproveitam que estão em Copacabana e vão no Bipbip?" Ganhamos a noite com essa pergunta! Até porque eu queria demais conhecer o bar e falei sobre ele pra Carol incessantemente antes da viagem.
Chegando lá, tudo que estava escrito no livro do Mestre Moacyr Luz, se repetiu: "Seu Alfredinho sentado batendo papo com os amigos na frente do bar, com a pranchetinha e sem fumar (isso ele parou há um ano e meio)". Me apresentei ao mesmo e logo em troca recebi a pergunta:

_"Tu és de que Estado?"
_"Sou de Recife, Seu Alfredo! E Thiago é de Olinda"
_"Pernambucano é gente boa cara!"

Daí para frente virou um sonho. Não sei porque cargas d´água o velho me adorou! Largou a conversa com os amigos na mesa e só se dirigia a mim. Isto foi excepcional! O Bipbip, é sem sombra de dúvidas um local mágico. Logo que você entra tem uma faixa maravilhosa com os dizeres: "Bibbip, 40 anos a serviço do porre!"
Nas paredes fotos com as presenças ilustres que amam o bar. Aldir Blanc, Moa Luz, Paulo Cesar Pinheiro, Beth Carvalho, dentre outros. Capitaneando tudo isto, a figura de Seu Aldredo. É o tipo do bar que eu gosto! Odeio coisa sofisticada! Bom de ficar bêbado é em buteco, é a conversa do buteco e não ter que ir pra bar pra fazer média. Como diz o sábio Moa: "O Buteco pra ser bom, não pode ser limpo igual a uma UTI e nem sujo ao ponto de ter barata na parede". Para a nossa sorte ainda por cima, rolou um samba de roda, com uma rapazeada muito legal. Tinha homem e uma menina de no máximo 22 anos tocando surdão. Gente jovem reunida e a cerveja rolando a rodo, como se diz por aqui. Na hora da despedida, um abraço imenso em Seu Alfredo e meus telefones aqui de Recife, espero que um dia ele ligue mesmo. Mas, se não ligar eu volto lá para perturbá-lo novamente.

A frase que resume o dia foi: "Cheio de cinzeiro aqui e esse pernambucano "filha" da puta já apagou dois cigarros na minha calçada." Seu Aldredo, que morreu de rir depois de dizer isso.

O samba é em homenagem a Carol - Salgueirão 1993, o desfile mais incrível que eu já vi: http://www.youtube.com/watch?v=qqw7_o-dASM

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Ensaios Repentinos - Gilberto Valle


É, mais um ensaio repentino...devido a falta de uma inspiração confiável...
Às vezes eu me estranho, minhas atitudes e variações de humor
Penso no que minha mãe diz, sobre segurança no trabalho e estabilidade financeira...
Sem desmerecer a minha residência por mim estaria já bem longe daqui.
Eu não suporto essa situação de vida, onde tem que se depender de tudo e de todos.
Por incrível que pareça, mesmo sendo um cara otimista ao extremo, pra certas coisas eu discordo totalmente. E isso é o que me deixa com o humor muito variável.
Realidades diferem, sempre exaltei isso, mas como é difícil conviver com essa coisa chamada "gente".
As pessoas não enxergam ou o que? Será isso mesmo? Não...ninguém é obrigado a concordar com minhas opiniões, por mais visionárias e reais que possam vir a ser. Devia era deixar tudo para lá e foda-se! Essa é a grande verdade! No fundo, as pessoas só olham pros próprios pés. Acho que a vida me calejou demais e sei o porque de todas as minhas atitudes e possíveis crises comigo mesmo...consequentemente com o resto. É...não sei fingir. Odeio pessoas que fingem ser o que não são...
De fato, minha mãe está certa num ponto. A sua estabilidade depede unicamente de você e eu não vou ficar esperando por seu ninguém, até porque já perdi demais na vida. Foi-se o tempo! E ele passa urgente! Vejam para crer.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Na minha opinião - Gilberto Valle


Domingo pela manhã, liguei a TV aqui de casa e mesmo sem paciência fiquei vendo a ESPN. Estava passando o jogo entre Hoffenhein x Hertha Berlin, pela 4ª rodada do Campeonato da Terra da Cerveja. Fiquei lá e vi que o Hoffenhein tem um centro-avante filho da puta de artilheiro, 3 gols em 20 minutos. No entanto, o texto de hoje é sobre política, por incrível que pareça. Neste referido dia, a Alemanha estava indo as urnas para eleger os próximos representantes parlamentaristas e, consequentemente, o Chanceller. O maior contracenso é que no estádio do jogo em questão, não cabia nem uma mosca a mais, daí fiquei me questionando: "Será que todos estes cervejeiros já votaram?"
Foi quando o narrador e o comentarista do jogo, um alemão chamado Gert Weisel, solta - "É um dia histórico para o país, mas na Alemanha ninguém é obrigado a votar, vai quem quer". Ah, como foi bom ouvir isso. Será que um dia ainda vejo o Brasil assim? Se Deus quiser!
Sou um cidadão de 30 anos puto da vida porque tenho que sair para votar. Acho um absurdo essa "forçação" de autoridade contra o povo. Ninguém deve ser obrigado a nada, principalmente em relação a voto.
Prego, nos dias de hoje, a Desobediência Civil. Já que tenho que ir votar por imposição e não por vontade, coloquei na cabeça de que só votarei em quem confiar como pessoa, como cidadão, souber a educação e conhecer a família (tenho quase certeza que nunca mais vou votar). Foi-se o tempo de subir na estátua do Recife Antigo com a bandeira do PT na primeira eleição de Lula, foi-se o tempo onde eu falaria abertamente - "O PT é o único partido que ainda tem ideologia nesse país", foi-se o tempo mesmo...
Os fatos nos mostraram que nada é como se diz e com a beleza e o apelo emocional que se é propagado. Todos só olham para os próprios pés e arrecadam em nome de tudo, menos do povo.
Foi analisando e me decepcionando desse jeito que tive ao menos um "alívio" em relação a ira de sair de casa ressacado para votar. Anulei TODOS os meus votos, para Presidente e Governador. Saí com a minha consciência limpa e isso para mim importa mais do que qualquer outra coisa. Fiz o meu melhor - "Não votei em filho da puta nenhum!"

Afinal - "É melhor votar nas putas, porque nos filhos delas eu já cansei!"

Dedicado à todos aqueles políticos honestos como: Paulo Maluf, Renan Calheiros, Fernando Collor de Mello, Jarbas Vasconcelos, Sergio Guerra, Marco "Espermatozóide Gigante" Maciel, o nosso Presidente "Sem coragem" Lula e por aí vai...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ensaios Repentinos - Gilberto Valle

Uma junção...de carinho protetor e bonitas impressões...

Um beijo...

Não um beijo tórrido...uma junção, que vai se aperfeiçoando...
Longe da falta de amor...das mordidas de sangue...

Perto um do outro...sem escândalo público...

Ambientes...agradáveis...beijos...um só.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ensaios Repentinos - Gilberto Valle

Eu ganhei a aposta!
Consequentemente um "talvez" beijinho...
Não sei onde, quando, mas sei de quem, isso importa
Cabeça a mil, por vontade de ser, pela problemática das pessoas
A vontade incessante de ganhar...
De ter e novamente ser...ansiedade impiedosa...
Melhor pensar no beijo que ganhei...

Ao menos na aposta.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

The Resistance - Gilberto Valle


No dia 14/09 passado ocorreu um dos lançamentos mais aguardados do ano, é inegável. O disco The Resistance da banda britânica MUSE, era absurdamente esperado por toda mística que o envolvia. Obviamente que a legião de fãs que os seguem já estavam ligados em alguns possíveis detalhes do novo album e até mesmo em um mp3 (United States of Eurasia), liberada pelo Twitter da banda na grande rede. Acho que até isto foi pensado pelos integrantes. A referida música, é talvez uma das que mais procure no Bohemyan Raphsody do Queen suas influências. O resto do álbum é surpreendente.
Este quinto disco é diferente dos outros trabalhos. A expectativa sobre o mesmo surgiu porque Mathew Bellamy, multi-instrumentista e vocalista da banda, havia dito numa entrevista que teriam músicas no disco que poderiam tocar nos programas de música clássica da BBC de Londres. Muito pretencioso? O pior que não! O MUSE utilizou neste disco muito mais do que os vocais inspiradores do Queen (o que de fato é uma grande influência). Todo estudo de Bellamy em sua infância-adolescência de piano clássico também entrou no disco (Vide o talento na interpretação do "Nocturne In E Flat Major, Op.9, nº2", de Chopin, finalizando US of Eurasia), sem falar do encerramento matador do album com a "Exogenesis Symphony" divididas em 3 atos como é bastante peculiar nos grandes concertos e sinfonias eruditas. E acompanhada de fato por uma orquestra de 40 músicos mais baixo, bateria, guitarra e piano.
Não termina por aí. Acho que o modernismo do MUSE é o que vai reger o rock n´roll mundial daqui há alguns anos. Até porque as influências não param ainda no The Resitance. O disco é recheado de toques eletrônicos de qualidade, sintetizadores oitentitas similares a grandes nomes como Depeche Mode, Information Society e Erasure (dentre outros). Aqueles que levam você a querer dançar e quando menos esperamos somos surpreendidos por um trovão explodindo na guitarra de Bellamy, com as influências de Tom Morello (RATM) e os refrões maravilhosos e melancólicos peculiares ao mesmo.
Depois de muitos anos esperando, acho que o MUSE é que vai chegando no patamar de grande banda, principalmente em qualidade, inovação e sem sombra de dúvidas, porque é a performance mais elogiada por críticos de música e público desde 2007, com o histórico DVD - HAARP, gravado no novo estádio de Wembley e além de tudo, sendo o primeiro show a esgotar todos os ingressos da nova fase do Estádio.
Não acho que o passado seja um mal caminho, ao contrário, talvez seja o melhor. Mas é comprovado que você precisa se desenvolver para poder inovar e não apenas tentar fazer igual ao que já está feito. O MUSE com seus 3 excelentes músicos, vai caminhando numa estrada bastante segura aos meus olhos para entrar para a história da música. Eles sugam o que é bom lá de trás e utilizam todo o embasamento adquirido nas aulas e nas práticas, para criar coisas novas adequando ao mundo moderno. E as mudanças constantes de um trabalho para o outro provam todo o talento e competência dos caras. De fato um trabalho maravilhoso e uma banda muito respeitável. Todos os méritos e salves para Matthew Bellamy (voz, guitarra e piano), Christopher Wolstenholme (baixo) e Dominic Howard (bateria e percussão).

sábado, 5 de setembro de 2009

Adestraram os Macacos - Gilberto Valle


É, adestraram os rapazes rebeldes de Sheffield. Mas na concepção do que vos fala isso foi de suma importância para o rock n´roll mundial. Sendo um fenômeno de vendas no primeiro disco, é fato, os "Macacos do Ártico ainda não haviam me soado de uma forma agradável. Há tempos não ouvia nada de interessante no mundo do rock. Sempre as bandinhas dos prenúncios "The", a tomar conta e "enTHErrando" um estilo. Guitarras muito "iguaizinhas", uma batida muito constante e desvairada, aquele lance meio agoniado. Não é assim que se faz rock n´roll, tenham certeza!
Não sei o que levou os garotos do Arctic Monkeys a procurar Josh Homme (líder do Queens of the Stone Age e produtor de bandas como o Eagles of Death Metal), para fazer a produção de 7 músicas, das 10 que o álbum contém, mas penso que finalmente eles acertaram. Para aqueles que ao saber disso, imaginariam um estilo mais rebelde e agressivo, uma grata surpresa! O disco é mais ritmado, mais sombrio. Me parece, pelo que já ouvi, uma transição de adolescência para o mundo dos adultos.
A minha audição pessoal do disco, trouxe uma sensação no mínimo agradável. E isso é bom, pelos fatores supra-citados. O trabalho de guitarras é forte e interessantíssimo. A sensação do início do disco é boa, muito leve, mas depois ele entra numa tempestade densa, um processo de transformação interessante, e quando o disco termina vem aquela sensação de terra molhada e caminho seguido.
Ainda acho uma banda que precisa melhorar muito, principalmente no aspecto palco. Os que já assistiram o show, afirmam que os mesmos são extremamente antipáticos com a platéia e que talvez fosse melhor esperar a outra banda que viria no pós.
Por outro lado, respeito as bandas que tem coragem de mudar, assim como os músicos e as pessoas. Começo a achar que os "Macacos do Ártico", estão entrando no time dos lobos e deixando o time dos meninos. Até porque, Rock n´Roll, é coisa pra gente grande e tem que ser feito como tal.


Single do disco - http://www.youtube.com/watch?v=J_G9RRY7SS0

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Dá um tempo pro Bigode - Gilberto Valle


"Saia do meu caminho
Eu prefiro andar sozinho
Deixem que eu decida a minha vida
Não preciso que me digam de que lado nasce o Sol
Porque bate lá meu coração"


É assim que começo o texto. Citando um trecho do genial "Comentário a Respeito de John". Tenho certeza de que é assim que o mestre Belchior pensa. Na sua liberdade total e não nessa vida cansativa e política da grande maioria dos artistas.
O que me deixa perplexo nisso tudo, é que se os Hotéis aos quais ele deve e as empresas de estacionamento, não tivessem colocado na mídia que se tratava de Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, nome real do menestrel, nada disso estaria ocorrendo. Culpo a mídia sim! Por que? Será que se fosse Ivete Sangalo, Ximbinha e Joelma, e tantos outros que nos cobrem de porcaria os ouvidos, isso iria estourar? Tenho sérias dúvidas.
Na reportagem de ontem do Global Fantástico, achei a postura de Belchior correta ao fazer a repórter da Globo, esperar um monte. Prova de que ele quer ficar só, compor só, desfrutar momentos de solidão, vivendo sua música...Mas, como sempre o sensacionalismo impera!
Palavras dele - "Quando minha assessoria me comunicou, assisti as imagens pela internet e não me reconheci. Afinal, nunca fui uma celebridade." Coisa desnecessária e inoportuna para vida do genial Belchior.
Não concordo com as dívidas deixadas, com as "possíveis" pensões atrasadas, deixo claro. Mas bastaria vender os dois carros, ou apenas a Mercedez que está parada e tudo estará resolvido. Ou ainda, bastam dois shows e pronto, ele some de novo para a mídia.Acabou o escarcéu feito pela imprensa. Os que enxergam os talentos e a música de verdade, sincera e honesta, sabem que é assim mesmo.
E, aqui para nós...que coisa ridícula se colocar Daniela Mercury e o babaca do Alceu Valença para pedir para ele voltar. Politicagem absurda e desnecessária, beirando o exagero.
Belchior, na minha visão, é um visionário...ele escrevia há 30 anos atrás coisas que até hoje em dia ocorrem, de acordo com o sentido louco que se tornou viver. E, para aquelas pessoas, que pensam que ele iria fugir, ele já havia respondido há anos atrás, basta ouvir, o que é bastante difícil:


O que é que pode fazer o homem comum
neste presente instante senão sangrar?
Tentar inaugurar
a vida comovida,
inteiramente livre e triunfante?

O que é que eu posso fazer
com a minha juventude
quando a máxima saúde hoje
é pretender usar a voz?
O que é que eu posso fazer
um simples cantador das coisas do porão?
Deus fez os cães da rua pra morder vocês
que sob a luz da lua,
os tratam como gente - é claro! - a pontapés.)

Era uma vez um homem e seu tempo...
(Botas de sangue nas roupas de Lorca).
Olho de frente a cara do presente e sei
que vou ouvir a mesma história porca.
Não há motivo para festa: ora esta!
Eu não sei rir à toa!

Fique você com a mente positiva que eu
quero a voz ativa (ela é que é uma boa!)
pois sou uma pessoa.
Esta é minha canoa: eu nela embarco.
Eu sou pessoa!
(A palavra "pessoa" hoje não soa bem -
pouco me importa!)

Não! Você não me impediu de ser feliz!
Nunca jamais bateu a porta em meu nariz!
Ninguém é gente!
Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca houve!

Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou da nação dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem:
Conheço o meu lugar!


Segue em frente mestre! Com seus sonhos de sangue e América do Sul. Afinal...

Palavra e som são meus caminhos pra ser livre,
e eu sigo, sim.
Faço o destino com o suor de minha mão.
Bebi, conversei com os amigos ao redor de minha mesa
e não deixei meu cigarro se apagar pela tristeza.
- Sempre é dia de ironia no meu coração.

Tenho falado à minha garota:
- Meu bem, é difícil saber o que acontecerá.
Mas eu agradeço ao tempo.
o inimigo eu já conheço.
Sei seu nome, sei seu rosto, residência e endereço.
A voz resiste. A fala insiste: você me ouvirá.
A voz resiste. A fala insiste: quem viver verá.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Já passou de metamorfose Raulzito - Gilberto Valle


Neste mês de agosto, se completam 20 anos da morte do grande Raul Seixas. A gravadora MZA Music estaria lançando agora no decorrer do mês o DVD - 20 anos sem Raul, em homenagem a este pensante revolucionário que nos deixou tanta saudade. Trinta mil capas do referido trabalho já estavam prontas, mas daí surgiu o comunicado do Ministério da Justiça de que o trabalho, "não era recomendado para menores de 10 anos". E que a EXIGÊNCIA teria que constar na capa do DVD e, ainda mais no MENU do mesmo.
As trinta mil cópias foram pro lixo! Pasmem! Um prejuízo imenso para quem ainda tenta fazer algo de qualidade neste país, ou, como no caso em questão, mostrar talvez a essa juventude algo que preste. A gravadora MZA do produtor Marco Mazzola, afirma que o trabalho chegará as lojas antes do dia 21 deste mês, para não acabar com a homenagem.
A alegação do "grande" Ministério da Justiça, é que no material contém - cenas de consumo de drogas ilícitas (cigarro e álcool)’ e ‘linguagem obscena’. Na parte que Raul explica a composição do Rock das Aranhas. Aquela brincadeira de criança que é datada de 1981 que diz - “Tomada com tomada não dá contato/ não dá curto-circuito”.
Penso que Raulzito estaria rindo de toda esta merda se estivesse vivo. Tarjar de imoral e danoso o que ele escreveu nesta música é uma piada de mal gosto e antiquada para o "Século XXI".

Enquanto isso, em todas as esquinas, rádios, lojas, carrinhos de CDs e shows Brasil afora...

"Vaaaai, dá tapinha na bundinha, vaaaaaai
Que eu sou sua cachorrinha, vaaaaai
Fico muito assanhada
Vamos dá uma lapadinha?
Só se for na rachadinha..."


ou...

Vamos simbora
Prum bar
Beber, cair e levantar

"Grande Ministério da Justiça".

Esse país enlouqueceu, isso é fato.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Às vezes surdez - Gilberto Valle


Na sexta passada, viajando a trabalho para a cidade de Gravatá, presenciei mais um absurdo sonoro brasileiro. Lá venho eu de novo, sentar a pua em cima do que somos forçados a ouvir.
Estava com Thiago, traçando uma maravilha de coxinha de charque com catupiry no Rei da Coxinha, quando num comercial televisivo me aparece um bando de rapazes, dançando para uma multidão e cantando coisas terrivelmente ruins. Mas o povão lá, delirando loucamente. O que mais impressiona nisso tudo, é que no espaço de 6 meses (pasmem!), já é a segunda bandinha nesse estilo "Boys Band" (Só que aqui no Brasil deveria ser chamado de Agro Boys Band), que surge, cantando um monte de merdas, se intitulando "O fenômeno universitário". E todas com o selo da Som Livre. Pelo amor de Deus! É de fazer vergonha a qualquer universidade pé de calçada. Nomes? "Love Boys" e a "Tchê Garotos". Valha-me Deus!
O que mais me deixa impressionado e revoltado, é o modo fácil que essas coisas tem de cair na mídia e sair ínumeras vezes na programação comercial da "Toda Poderosa" Rede Globo de Televisão. É o famoso JABÁ! Só pode!
Tudo isto me deixa muito preocupado com o futuro da música brasileira. Cada vez mais as bandas vão se extiguindo, as mentes pensantes vão cansando e a vontade de vencer com a música vai terminando, de tanto dar murro em ponta de faca. Vivemos no país das merdas sonoras musicais! Tudo que é ruim, torna-se bom! E aquilo que é de qualidade melhor, é esquecido nos cantos. Além dos descuidos na hora de informações televisivas. A "Toda Poderosa" passa dos limites e justamente por isso,eu vou contar outro caso. Estávamos na casa de Fernando, na tradicional quarta do futebol e no intervalo do jogo, me espanto! Começa a tocar Little Joy e a Globo fala abertamente - "Little Joy, curta o nascimento de um fenômeno!" Som Livre! Quando falo em descuidos, é justamente porque a referida banda, é apenas um projeto (o que é bastante diferente de banda), e com data para terminar. Inclusive o mesmo já foi encerrado. E aí Globo? Já soltaram a graninha pro projeto ser mantido, para continuar com músicas em Malhação? Porque penso que é assim que rola!
Noto a perda de amor pelas coisas, a descrença nos sonhos e a falta de identidade dos artistas. Jovens talentosíssimos, tendo que se sujeitar (é essa a expressão), a tocar um monte de merdas (adoradas pela sociedade), para ganhar a vida. Enquanto a grande maioria é suprimida pelo submundo das esquinas, cada vez mais reclusos e escassos. É por estas e por outras que há mais de 10 anos não vemos nada de estrondoso no mundo de música de qualidade brasileira, principalmente em termos de rock n´roll. Los Hermanos parece ter encerrado a safra de grandes bandas brasileiras. Simplesmente NADA de inovador, diferente e estonteante surgiu depois deles. Pensando em termos gerais é pior ainda. Só nascem cantoras como cópias de outras. É um bando de covers de Ana Carolina e Zélia Duncan (uma injustiçada, porque canta e faz músicas de muito melhor nível que a primeira, mas o sucesso está com "aquele grande cantor", Ana Carolina), que não está no gibi. Tudo com aquela voz altamente grave e sem sentimento nenhum. Além da pobreza de letras e versões.
Nesse ponto, posso citar dois exemplos que se distinguem entre os meios. Uma se chama Maria Rita, que é uma excelente intérprete! Basta você ter o discernimento de escutá-la sem comparar com a mãe dela. O trabalho da mesma é de qualidade. Ela canta muito, em comparação a qualquer outra.
E o outro exemplo é Vanessa da Matta, que surgiu devagarinho com sua mistura "romântico-alterna", e tem sido uma excelente fórmula, junto com a voz extremamente doce. É música honesta!
Assistir TV já era um suplício, principalmente se tratando de TV aberta, mas de uns tempos para cá, está se tornando agressão. Logo para mim, que amo a música de qualidade e tenho que aguentar além das novelas, as merdas sonoras jogadas na nossa face, sem dó nem piedade.
Depois disso tudo, o que me restou foi comer a coxinha, a única coisa que se salvou. Tô achando que ser surdo às vezes, não é uma má-idéia.






Dedicado a Fernando Lucchesi e, principalmente a Lester Bangs, o maior crítico de rock n´roll da história.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Tudo Azul - Gilberto Valle


Como é bom você assistir o amor. Nestes meus 30 anos recém-completados, ganhei um presente muito especial do meu amigo Tinoco. Trata-se do DVD - O mistério do Samba. O trabalho é sobre a Velha Guarda da Portela, a pioneira nesse sentido em todas as escolas de samba do Rio de Janeiro.
Voltando para o começo, pode até soar estranho todo este amor pela "águia de Oswaldo Cruz e Madureira", mas eu explico. É de família! Recordo que quando pequeno, gostava de ir dormir na casa do meu saudoso Tio e Padrinho Armando, porque ele deixava eu tomar guaraná a vontade, coisa que em casa não podia. Não estava nem aí para samba nenhum. Só que, durante as noites, eu ficava acordado acompanhando meu tio, na frente da TV, assistindo sem parar o Desfile das Escolas de Samba. Surge daí um amor dos maiores. Armando, dentro de sua seriedade, gostava de papear e mesmo comigo relativamente pequeno, contava das aventuras de quando ele desfilou na Portela, na década de 80 e da tristeza de não poder ter desfilado, todas as vezes que foi ao Rio de Janeiro assistir ao desfile. Tornou-se amor! Aquela tempestade de informações caíam sobre mim e me fascinavam absurdamente. Principalmente a Águia! Aquilo era uma coisa linda, na mente de um menino, que imponência!
O tempo foi passando e cada vez eu ia aprendendo e consquentemente sofrendo com a Portela. É...sofrimento amigos. A última vez que a escola foi campeã, eu tinha 4 anos e não tinha nem idéia do que a mesma representaria hoje para mim. Mas, mesmo assim, ainda é a campeã das campeãs, com 22 títulos.
Hoje, sinto necessidade ir conhecer o Portelão e pelo menos sentir o ambiente de onde saíram e saem todas aquelas maravilhas sonoras. De fato, são maravilhas, porque vem de gente muito humilde e pobre, que lutaram a vida toda (a maioria sem reconhecimento), para mostrar o que eles sabiam, o que eles sentiam.
A Portela fascina, é verdade. Ela é só. Está longe do olhar da mídia que só faz questão de mostrar aquilo que lhe é convicente. Vide o que já foi a Mangueira e o que é hoje a Beija-flor. Escolas que cresceram em fama, assim como Corinthians e Flamengo, por imposição e não por méritos.
A querida có-irmã hoje, sofre com os louros do esquecimento pela mídia, totalmente voltada para a Escola de Nilópolis, por enquanto. E lá do outro lado, a azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira vai se segurando, com simplicidade, do jeito que sempre foi.
O filme é emocionante! E imagine para um portelense convicto como eu, que ainda sonha. As composições, as histórias, o "modo de falar de amor" (frase de Manu), são
espetaculares, tocantes...
Sinto orgulho de ser Portelense, sinto amor pela bandeira do pavilhão, que comanda. Salve à todos aqueles que compõem a Portela. Porque lá, tudo é sempre Azul!

Velha Guarda da Portela e Marisa Monte, interpretando um samba do saudoso Manacéa, intitulado "Volta". Simplesmente genial!

http://www.youtube.com/watch?v=GWBCJOG7kMs

A flor pétrea - Gilberto Valle


A menina das flores espalhadas n´alma...

Transparece pra pele que alva, buscando em riscos e formatos aquilo que realmente a simboliza...

Flor...

Sem espinhos...

Mas se tiver, qual seria o problema, já que todos preferem arrancar a flor em forma de sentimento.

Da flor, se cuida...não se oprime, não se agride, se alimenta

Flor...

Que chora...

Que ri...

Que morde...

Que vive...

Petra, que não tem nada de pedra.



Para Petra.


http://www.youtube.com/watch?v=zoCCssAajyA

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Conversa Franca - Gilberto Valle


Durante esta semana, num papo "internético" com uma amiga minha, surgiu uma pergunta que me pegou de surpresa.

"Giba, você me acha uma pessoa confiável?"

Pelos anos de experiência, de relacionamentos, de rolos, de ficantes e essas coisitas, já sabia que alguém teria machucado essa minha amiga. Há uns 2 anos, ela vem meio que sofrendo por um relacionamento a distância, que já teve algumas idas e vindas. Eu sou um ser digamos que além de ser taxado de sempre "do contra", sou "grosseiro", e deveria usar mais do "eufemismo". Enfim, fodam-se os eufemismos, sou assim e pronto.
Se tenho coisas na cabeça, eu não me omito de opinar, como a grande maioria das pessoas hoje em dia fazem. Preferem um mundo de conveniências, de hipocrisias, de uma "santidade" pessoal (estão longe disso), um mundo de falsos.
Escutando a menina querida, ela me conta que um amigo do ex-namorado dela, disse que estava escrito na testa da mesma - "eu não sou confiável". Me pergunto:

- Como as pessoas acham que tem algum direito de se meter na vida dos outros, se ao menos não conhecem a pessoa?

- Como dizer que uma pessoa não é confiável, se ela não tem tatuado na testa?

- Como este mundo pode ser tão vil e cruel, a ponto de se falar de uma pessoa que mora noutro estado e que você nunca viu?

Acho, que a cada dia que se passa, o mundo se torna pior! Aí tem gente com discursinho otimista e hipócrita. Não tolero isso. Não suporto esse tipo de coisa. Mas refletindo e conversando com ela dei a minha opinião:

"Isso é fruto do feminismo exacerbado que toma conta do mundo atual. Hoje em dia, se pensarmos direito, o homem que virou um artigo de luxo. E isso é culpa unicamente deste feminismo em excesso. Penso que a mulher no seu processo natural e merecido (pra não dizer necessário) de crescimento também absorveu todas as coisas ruins que os homens faziam."

Isso não combina com estas criaturas meus jovens! Só que ainda fui mais a frente. Discordo desses falsos pudores, até porque ninguém pode estar dentro de ninguém para sentir coisas como desejo, atração, paixão, vontade, tesão...
Macho nenhum, pode julgar uma mulher de "não-confiável" porque ele soube por bocas alheias que a menina transou com um cara na primeira noite. E daí porra? Desde que haja uma transmissão química rolando, um processo de junção e desejo rolando não vejo nada demais.
E onde chega este mundo de mentira? Chega e fica naquelas "menininhas" que andavam escondidas, passaram suas infâncias estudando em colégios high-society, e frequentando as boates, os barzinhos, as festinhas dos poneis da cidade. Mas, nessas mesmas festinhas, iam pras escadarias dos prédios ter suas bucetinhas destroçadas, ou então dar uma chupadinha na pica do ficante (mas tem que engolir pra não manchar meu vestido e "mommy" não desconfiar), mas isso tem que ser em sigilo, porque fui educada em altos padrões, não fico com ninguém se não me atrair financeiramente e que não esteja no meu patamar. E domingo, vou a missa, colocar na boca a óstia sagrada ao invés do falo alheio.
Aí, essas dondocas vem frequentar os lugares alternativos da cidade, claro! Carne nova no pedaço, aí a macharada enlouquece. Só que esquecem, que elas estão ali, mas a kilometragem já está rodada demais, pela "ponalhada" das boates. Existem mulheres devassas em todos os lugares, mas o homem é um ser tão idiota, que prefere aquelas que eles não tenham visto ficar com algum carinha na noite (mesmo que seja uma puta de classe maior), a ficar com uma que ele viu e não se dispôs a conhecer.

O conselho final foi: "Tu é linda, inteligente, preparada e tá mais do que na hora de mandar esse filho de uma puta pra merda!"

Comigo é assim. Até porque a conversa fiada, não cola...

E eu faço questão de ficar longe desse mundo hipócrita e seboso!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Finding Neverland - Gilberto Valle

Uma mistura de insanidade e coração...
Um garoto, que aflora para a vida
No corpo de um homem
Na mente de um menino

Décadas se passaram
O tempo urge para todos
Ou quase...

Há aqueles que vivem para si
Que não se incomodam com o que vem
E com o que vai vir.

O menino sonha...

Com uma vida sem ódio
Com o dia que felicidade se transmitiria igual gripe
Onde a paixão sentiríamos ao respirar
E, consequentemente, o acordar sorrindo.

O menino segue...

Sem saber que o tempo passa
Assim que ele é...
Assim que ele quer...
Achar a sua Neverland.



Para Décio.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ensaios Repentinos - Gilberto Valle


Me questiono...
Isto não é para qualquer pessoa.
Pessoas...
Essas nos fazem perder esperanças, amizades, tempo...
Hoje eu entendo e vou formando,
Opinião...sobre vida...sobre gente.

Continuo...
Por que? A vida é tão cruel com aqueles que se martirizam...
Tristeza é uma coisa normal...diria Vandré:

"Tua tristeza não é de amar
Vem que a beleza pode acabar
E é só no amor que o amor vai chegar
Quem não tem um bem
Não tem onde ir
E a vida vai e vêm sem sair
De uma dor sem fim de não ter alguém
Por quem partir, sofrer e sorrir"

Superação, quase não existe.
Odeio vítimas...mas, o que é ser uma vítima?
Até isso se popularizou, a eterna mania do banalizar.
Banalizar o que é bonito...e exaltar o que é feio, pobre...

Sim...tristeza é uma coisa bela, quando você aprende com ela.

É o que falta...

Carência...é o que reina.

E desamor e interesses, é o que impera!




PS - para um amigo, "que tem um coração tão bom que enjôa."

terça-feira, 26 de maio de 2009

Simples como a espuma - Gilberto Valle


Prestes a acontecer mais uma edição da tarde/noite alcóolica e de boa música, bateu uma vontade imensa de fazer uma homenagem a Tio Paulo. Talvez nem precise disso, mas é bom demais sentar naquela casa (cor de calcinha de véia, hehehheeheh), nos sábados à tarde (fomos proibidos de beber lá dia de domingo) e ouvir tantas coisas maravilhosas, desde histórias do "Alice Cópia" (a banda cover de Alice Cooper, que ele fazia parte há uns anos atrás...e bote tempo), quanto dos casos de vida, da ditadura, e claro, das conversas de bêbados.
Tio Paulo é um cara simples. Daqueles que se emocionam com facilidade com uma música que tenha marcado a trajetória que ele ainda cumpre, e eu, particularmente acho isso belíssimo. Neste ponto, principalmente quando já tomou alguns goles a mais, ele lembra muito Fernando, seu primeiro filho e um dos meus irmãos queridos, por escolha. Aquele jeito meio durão, mas que não passa de uma casca. Eu entendo bem disso, confesso...Talvez seja bem pior do que os dois juntos.
Nestes encontros, conheci muitas coisas do ramo musical. Em se tratando de Jovem Guarda, Tio Paulo é uma verdadeira enciclopédia. Posso dizer - "Sabe tudo mesmo!". No entanto, não foi isso que me chamou mais a atenção. Muitas vezes, alguns artistas passam desapercebidos até pelo tempo, ou ficam lembrados por uma ou duas composições. Infelizmente, é assim que funciona. Um belo dia, surge o nome de Taiguara, grande compositor chileno e radicado no Brasil e que Tio Paulo foi ao último show dele em Recife. Conhecia o hino dele, "No universo do teu corpo", e nada mais.
É nessas horas, que vemos como vale a pena buscar e aprender. E olhe que estou falando de momentos de prazer. Música para mim é essencial a vida de qualquer um. Mais ainda a genialidade de um compositor nascido noutro país e que vive intensamente a realidade daqui. De mesma importância que as histórias, está o prazer de aprender coisas novas sobre música. Taiguara foi uma dos grandes compositores desse país, sem sombra de dúvidas.
E a beleza de você aprender com uma pessoa que vivenciou aquilo, que se emociona quando canta, é ímpar. Admiro Tio Paulo demais,persisto em gostar das pessoas simples, das pessoas que olham nos olhos e te ouvem. E mesmo sem pedir, Tio Paulo, não me chama de amigo (sempre digo: "pessoas que chamam uns aos outros de "oi amigo", ou "oi amiga", são altamente falsos"), ele diz quando entro lá: "Vô Giba, você é um dos maiores filhos da puta que eu conheço, e eu gosto muito de você!". Esse sim é amigo!
E vamos...ouvir e beber. Simples como a espuma do copo.

PS - "Vô Giba" é como Tio Paulo me chama. Ele fica puto porque coloco o "Tio" na frente do nome dele. Aí me promoveu a "Avô" dele.

PS2 - Taiguara, interpretando uma das suas belíssimas composições. "Hoje" - http://www.youtube.com/watch?v=wtcMkf-QHqY&feature=related

PS3 - Segue abaixo a letra de Geração 70, uma bela poesia praqueles que ainda se tão o trabalho de ler, ouvir e, principalmente, sentir...possam conhecer um pouco de Taiguara.

Nós estamos inventando a vida,
Como se antes nada existisse,
Porque nascemos hoje do nada,
Porque nascemos hoje pro amor.
Nós estamos descobrindo os corpos,
Como a manhã descobre as imagens.
Como o amor descobre a metade,
Como a canção descobre uma flor.
Nós queremos desvendar há tempo,
Esse mistério azul de oxigênio,
Esse desejo imenso de sexo,
Essa fusão de angústias iguais.
E nós vamos resistir sem medo,
A solidão de um tempo de guerras,
E nossos sonhos loucos e livres,
Vão descobrir e celebrar a paz!

domingo, 3 de maio de 2009

Bonequinha de Louça - Gilberto Valle


De linhas do coração nasce a moça
Que sonha...sofre e sonha
Corte de sentimentos que flagela o peito
Ela sente...

Menina boneca...
Com seus vestidinhos singelos
Enrraizada em flor no dorso
E no colo traz seu belo

Bonequinha...
Que corre do só
Finge fugir daquilo que a domina
Desatar o nó, do nú da alma...

Ela ama...
Ama diferente...
Entrega o ser nas mãos de um...
Amor?

De universo das neves
Branca tez que carrega
No perfil inicialmente fechado
Brota um sorriso...

Bonequinha de louça...
De pintinhas talhadas nos ombros...
São as estrelas...
Do céu do teu coração.




Pra Sardenta.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A escada - Gilberto Valle


A escada...
Eram os degraus do encontro
Sonolentos passos, que se tornavam costumeiros
Quando ao final da grade te via

A escada...
Esperançosos passos de adolescentes
Que com desejos e diferenças latentes
Se confundiam

A escada...
Eram os passos mais bem quistos
Que até quando a distancia forçou o desencanto
Ele nos jogou cara a cara, num corredor

A escada...
"Eu não aguento ficar sem falar com você"...pausa
Lágrimas
"Eu também não sua besta"
Risos

A escada
O tempo
Passa
Urge
Mas persiste em ser Cool...
Mas apenas e ainda...Water.

Bom dia Lilita.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Do inferno ao amor - Gilberto Valle


Essa semana, andei lendo umas coisas e me deparei com uma frase muito interessante, do grande Jean-Paul Satre - "O inferno são os outros."
Isto me chamou muito atenção, pois, analisando friamente diversas situações, notamos que as pessoas possuem o dom preciso de fazer da vida das outras, um verdadeiro inferno.
Claro, que tem aquela história de: "Ah, só vira inferno se você quiser." Mas não é aquele tido inferno literal, é apenas o dom de incomodar. Às vezes estamos quietos pensando e vivendo outros momentos, quando somos chateados por pessoas que querem nosso bem, mas se acham no direito de tal. Liberdade? Não sei que nome dar a este tipo de atitude. Particularmente, perco a cada dia que se passa, a fé nas pessoas. Vejo que o mundo tornou-se uma redoma de egocentrismo e que este, está causando "efeito-redoma" nas próprias pessoas. Virou a lei do "o meu pirão primeiro" e você que se foda. Todo mundo utilizando de seus artifícios, sejam eles quaisquer para massacrar quem porventura traçar seu caminho. Não entendem, que as linhas se encontram, com um propósito sempre. Mas não...ajudar? Jamais! Raras são as pessoas que ainda tem o "dom", de se preocupar com as outras, de apenas dar um sorriso e uma palavra de força. Até quando, as mesmas devem ser responsáveis por seus atos, esquecem disso, para o seu prazer, porque nada é maior do que o seu prazer e os outros que se magoem, que fiquem a esperar sua boa vontade.

Vivam por vocês e olhando ao seu redor sempre, porque concordo com o grande Sartre, que os outros infernizam, mas como pessoas, podemos amenizar com uma atitude de carinho uma alma que precisa de ajuda. Afinal, como diriam os quatro garotos de Liverpool) - "And in the end, the love you take is equal, to the love you make."


PS - A referida frase dos Beatles, pertence ao disco Abbey Road, e foi a frase escolhida por mim, no dia que morrer, para estar na minha lápide. É da música The End, de fato, a última música dos Beatles como banda. E eles encerraram, amando.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Dúvidas categóricas - Gilberto Valle


Pode parecer insistência em escrever mais um texto sobre dúvidas, mas acho tão normal. Principalmente na cabeça de um jovem brasileiro. Dúvida de pra onde seguir, que rumo tomar? Me sinto meio que humilhado, não gosto de ficar preso a coisas, que me façam cair na mesmice. Sempre fui um rebelde! É uma das certezas que tenho na vida. Não gosto de ficar parado, gosto de olhar as pessoas, sentir o mundo como vai...
Pena que ainda não descobri a fórmula da felicidade financeira acoplada a rebeldia. Mas quem sabe não venha a descobrir.
Não gosto dos modismos, não gosto do meio que vivemos na maioria, gosto de contato, de conhecer pessoas legais e conversar sobre idéias revolucionárias. Por mais que pairem dúvidas sobre futuro...essa é a questão.
Detesto subestimar minha inteligência e capacidade me bitolando a apenas uma coisa. E isto me traz mais dúvidas ainda...Será que estou no caminho certo? Penso que não...na verdade, eu acho que sempre tive esta certeza! Eu odeio me bitolar, odeio a tal da disciplina forçada (entenda bem, aquela que se torna meio que uma "religião"). Não é pra mim!
Só preciso pensar mais e me descobrir, ainda além do que já sei.

Que tal uma cerveja?

sexta-feira, 20 de março de 2009

Faz tempo - Gilberto Valle


Faz tempo...
Que o olhar de peixe não te encontra...
Que aquela dor, quase infinita, tarda a voltar
Aqueles tempos do to be, or no not to be...
Vem e voltam como lembranças...ainda fortes, do amor
Faz tempo...
Que as tardes se diferem
E pensamentos não mais ferem
Dos teus olhos a pedir
E eu a negar
Negar...por si. Quanta sandice...
Se da vida levamos esses momentos...me puni.

Calçada, carro, teu olhar...meu olhar...

Faz tempo...

...mas eu ainda lembro.

quinta-feira, 12 de março de 2009

O "Dom" da Inquisição - Gilberto Valle


Há cada dia que vivo, sou obrigado a observar coisas tão absurdas, que nem parece que estamos no Séc. XXI. Semana passada, aqui na minha amada cidade do Recife, ocorreu um caso que intrigou a opinião de muitos e tomou uma repercussão mundial, devido a intransigência e radicalismo por parte de membros da Igreja Católica.
Imaginem, que um padrasto estupra uma menina de 9 anos (ele a estuprava desde os 6 anos) e a mesma engravida de gêmeos. Só que a referida criança, pesa apenas 33 kilogramas e não possui a mínima condição de levar a gravidez pra frente. Obviamente que tem que se ocorrer um aborto, ainda que por intervenção médica, já que 3 vidas iriam correr perigo.
Tudo isto seria normal, até quando o Sr. Arcebispo Dom José Cardoso Sobrinho, afirma que os médicos envolvidos no processo e a criança estão "excomungados da Igreja Católica", porque "o aborto é um crime muito mais grave que o estupro". Ora essa, é de morrer de indignação! Voltamos ao tempo da Santa Inquisição. E esse Dom Cardoso Sobrinho não passa de um grande inquisitor!
Chega de hipocrisia minha gente! Ter fé é uma coisa muito bonita, crer em Deus também é, no entanto, hoje em dia, concordo com a frase dita pelo grande Tim Maia - "TODAS AS RELIGIÕES NÃO PASSAM DE SEITAS FINANCEIRAS! SE NÃO EXISTISSE O DINHEIRO NO MEIO, TUDO SERIA RELIGIÃO DE VERDADE E NÃO ESSE COMÉRCIO DE PESSOAS."
Fui criado dentro da Igreja Católica, minha mãe é muito religiosa até os dias de hoje, coisa que admiro bastante. Agora, com o passar do tempo, vem as contestações sobre tudo que nos é imposto por meios familiares e meios de sociedade, sendo a família, nesse caso em primeiro lugar. O correto seria deixar que as pessoas escolhessem o que seguir, por mais imbecilizado que seja pra você e não impor, que você tem que ir pra igreja, que você tem que ir pro culto, que você tem que pagar pra igreja e mais uma série de absurdos.
Eu sempre discordei de muita coisa que existe na Bíblia. Acho um livro retrógrado, antiquado e radical, principalmente para os moldes atuais. A igreja católica, hoje perde muito espaço, por conta do radicalismo exarcerbado, do seu discurso antigo e de coisas como estas que ocorreram semana passada aqui em Recife. O mais engraçado disso tudo, é que até no seu próprio berço, em Roma, Itália, este tipo de caso pode até vir a ser contestado pela igreja, mas é legalizado! Lembrem-se apenas de um detalhe, o Vaticano é dentro de Roma. Quem quiser concordar, que concorde, mas ninguém fala nada, afinal a lei é suprema! E não é a lei da Igreja Católica, da Batista, da Assembléia de Deus, da Univesal e de qualquer outra seita...
Conheço muita gente de diferenciadas religiões, estudei em grandes colégios católicos, e em grandes colégios evangélicos e é exatamente a mesma coisa. Aquela hipocrisia que reina sempre! Na frente do colégio todo mundo se fazendo de santinho, por conta de família, de religião, e desses valores retrógrados que ainda regem a sociedade, mas por trás um mundo pervertido, de bebidas, drogas e sexo. TUDO EM NOME DO SENHOR!
Chega! Façam as coisas no seu nome, não sigam nada que seja forçado. A maior prova está aí. Ter que concordar com o sacerdote totalmente imbecilizado, num caso absurdo como este. Dane-se sociedade, família, religião, bíblia e o que for. Este caso se deveria ser julgado pela VIDA e não pelo que seres-humanos falhos, julgam ser certo. Ou vocês acham que Cristo não tinha falhas? Ou os apóstolos não tinham falhas? Eles eram humanos, assim como nós somos! Ninguém pode provar que tudo que está na bíblia é correto. As pessoas "julgam" ser correto, por IMPOSIÇÃO! Essa é a verdade!
Como acreditar em padres, pastores, sacerdotes, shamans, pais de santo e qualquer humano falho? Analisamos casos, de padres pedófilos, casados, homossexuais e ninguém diz nada? Vemos pastores que roubam seus fiéis, com cotas absurdas, iventando mentiras sobre tudo e sobre todos, além de olhar pras menininhas e menininhos, em nome de Deus, e sem falar em tudo que se faz hoje em dia pra ganhar dinheiro.
"Quer se dar bem?" Cria uma igreja qualquer! A falta de instrução e a ganância do homem é que reina! Só quem é cego não vê!
Procure sua paz espiritual por você mesmo. Tenha sua conversa com Deus, por você mesmo e não por aquilo que se impõe a você. Ninguém é obrigado a acreditar em nada, por meio de imposição. Creia naquilo que você acha que é certo! E não no que as pessoas julgam ser certo!
Conteste! Conteste sempre, afinal, fomos colocados aqui pra contestar ao nosso modo, tudo aquilo que vivemos.
E outra, gostaria de fazer um pedido ao nosso grande Arcebispo e INQUISITOR Dom José Cardoso Sobrinho - ME EXCOMUNGUE!
Afinal, ele provou que a Santa Inquisição ainda existe nos dias de hoje.




Observação - Gostaria de dedicar este texto à todos os meus amigos, que pensam e que assim como eu, não tem medo de exprimir opiniões sobre quaisquer assuntos. Sou humano, todos nós somos e estamos sujeitos a falhas. A sua verdade não pode ser a minha. Mas, ninguém jamais poderá abrir a boca pra dizer que sou um covarde. Eu falo, dôa a quem doer. E sou capaz de amar, muito mais do que odiar. Quem me conhece sabe disso.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Dara - Gilberto Valle

A dor de se despedir...
De olhar e não ter mais aquela festa
Aquele carinho extremo
De sentir o corpo encostar nas tuas pernas
Enquanto ela me dava uma surra com seu rabo.

Como esquecer tua cabeça embaixo do meu braço?
Como esquecer, teus olhos me pedindo comida...

Dara, papai te ama.

E todos os cachorros merecem o céu.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Tim - Gilberto Valle


Há duas semanas atrás, passei na Rua do Riachuello, mas precisamente no Cafoblues. O senhor Bruno me pediu alguns instantes de atenção para colocar umas coisas de Tim Maia, que ele havia achado pelos blogues da vida. Primeiramente rolou a pedra, intitulada "Lamento". Fiquei absurdamente pasmo! Sempre fui um fã confesso de Tim Maia, até nas épocas mais modernas e romântica..."me deu motivo pra ir embooooooora". Isso rodava tanto no toca-fitas do carro de minha tia.
Era do disco de 1972! Conhecia por ouvir nas audições da casa de Tio Paulo, pai de Fernandão, o Tim (1971), mas, essa audição me bateu a curiosidade de pesquisar mais sobre esses discos. Os achei facilmente, mas a cada audição eu percebia como as coisas são meio malucas em termos musicais.
Fala-se muito da época "Racional" de Tim Maia, e hoje eu percebo algumas coisas. A cultura "alternativa" toma espaço a grandes passos no país, é fato, mas daí desconhecer musicalidade é outro assunto. O próprio Tim, afirmou diversas vezes em entrevistas que a referida época "Racional" foi uma enorme besteira na vida dele, e que ele gastou rios de dinheiro com uma coisa sem nexo. Não a desmereço, mas, por outro lado, discordo quando falam que trata-se da melhor coisa que Tim fez em vida. (Pode ter sido apenas por nessa época ele estar longe das drogas, crendo numa pregação imbecilizada e sem noção).
Ouvindo esses discos mais antigos de Tim Maia, nota-se mais musicalidade, mais soul, mais funk, e mais sentimento nas músicas! Agora, como a modinha hoje é ser "alterna", salve Racional. Eu prefiro "Salve Tim!" E pelo conjunto da obra. Principalmente por ser um cara que era altamente inteligente, preparado e com consciência social.
Penso que esses quatro discos Pré-Racionais, são muito melhores do que aos dois da própria fase.

E outra, vamo deixar de modismos e ouvir o que te cai bem nos ouvidos, independente de estilo. Até porque se eu não gosto, pra você pode ser diferente.

Salve TIM MAIA!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Never an Easy Way - Gilberto Valle


Caminhava pelas ruas gélidas de Leeds, quando de repente avistou o Gordon´s Pub, local onde esquentava a alma naqueles tempos inclementes de inverno. Fazia muito frio, daqueles que congelariam até pensamentos dos mais quentes possíveis.
Sam entrou e avistou tudo do mesmo jeito. Aquele cheiro de fumaça pairava no ar...um bêbado dormia em cima de uma das mesas com sua garrafa de whisky quase seca, perto do balcão aquela luz neon com o nome do bar e das marcas de cerveja e cigarros.
Mas, para Sam, aquela noite era diferente. Ele não estava afim de embriagar a alma de ilusões. Olhou o cardápio, e depois de nervosamente passar os olhos sobre a página das bebidas, pediu um café.
Sentia a música entrar pela alma, Morcheeba soava..."Never an Easy Way"...e tomava conta das lembranças da noite passada. Acendeu um cigarro e esperou o café.


Definitavamente, ele só queria lembrar...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O conto do homem menino - Gilberto Valle


Aos poucos Heitor sentia na pele aquela vontade intrínseca de se tornar real. Pretendia vencer suas inseguranças, aquelas que o acompanhavam desde sempre. Mas não sabia como...
Lutava solenemente contra tudo que sentia, pelo fato de confundir amor próprio com respeito a quem o rodeava. Tentava trucidar à todos que fossem contrários aos seus princípios. Não conseguia superar suas chantagens infantis...
Encontrava-se perdido num mundo egocêntrico que ele mesmo desenvolvera para si. Não pensava nas mágoas que poderia causar nas pessoas.
Preferia se fechar no seu casulo de incertezas, a se questionar. Não entendia que outras pessoas são capazes de cativar alguém, mas gostava de citar Saint-Exupery. Que contracenso!
Suas vontades tinham que ser ordens. Até porque quem foi vítima, nunca deixará de ser...vítima de si mesmo.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Cru - Gilberto Valle


Não se assuste menina bonita...
Até quando se é cru, o sentimento aflora
Sem tempo, lugar ou hora...
Até quando a vida é desdita

Sensibilidade é pra quem sente...
Vive e acredita...

E a delicadeza é tua...bonita.





Pra Júlia...a menina bonita.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Nós - Gilberto Valle


Desta feita, no frio intenso da alma
Pedimos calma
Pra que?
Se a vida e o tempo são inclementes
Batalhamos o ser, na busca do ter

Atonicidade que paira sobre nós
Quando sentimos a sensação quase rota...
De nós

Apertados e cegos
Sufocantes e impiedosos
Nós, de todos nós.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Rainha negra - Gilberto Valle


Tantãs e atabaques...soam com a gargalhada do ganzá
Vindos dos navios negreiros
Ecoando com os açoites pardos do feitor
Te saúdo rainha negra

Patuá dos sete poderes
Ogum, Xangô e Iansã
Junto com a idade da sereia
Fazendo baticum com pé no chão

Chuá de cachoeira
A trabalhadora que canta
Com a dança e a ânsia de rememorar

Clarão enganador

Liberdade ainda não chegou.





Homenagem a Moacyr Luz