sábado, 14 de novembro de 2009

Memórias Cariocas - Parte 1 (Quinta-feira)


Rio de Janeiro, 10 da manhã. Aeroporto do Galeão...longe pra cacete do Centro. Nos deparamos com um forno humano ainda dentro do recinto. Pegamos as malas e encontramos com o Heitor, um grande taxista que virou parceiro. Super simpático, dentro do carro ainda, começou a nos mostrar realmente o que é o Rio de Janeiro, com toda a sua beleza e hospitalidade. As favelas, os perigos, e toda sua indignação com a Globo,também nos foi passada. Segundo o Heitor: "Pô a Globo é aqui do Rio e desce a lenha o tempo todo! Aqui não é assim não!" (coisa que futuramente chegarei lá). Sem falar que negão também trabalhou com o Pedro Butcher, na Editora Abril durante anos. Iríamos nos hospedar no apartamento do Pedro e do querido Sérgio, no bairro de Humaitá, juntinho do Botafogo. Seguindo pelo caminho, demos de cara com um engarrafamento gigantesco, logo onde...LINHA VERMELHA! Cara, de fato o local é meio que estratégico para ser violento, mas passamos sem maiores complicações.
Nisso, o ar-condicionado do carro, começava a não dar vencimento e o Heitor alertava: "Isso mudou de dois dias para cá. Estava frio aqui!". Chegamos, logo quando descemos notei uma coisa. O taxi no Rio de Janeiro é muito barato! Thiago, meu amigo e parceiro de viagem já me tinha alertado sobre isso, e realmente foi muito legal comprovar.
Chegando no Apartamento, deixamos as coisas e pé na rua, melhor dizendo: "PÉ NO BAR MAGO!" Atravessamos a rua e fomos na COBAL, que é tipo um mercado público, sem cara de mercado. Tem loja de tudo...floriculturas do lado de adegas, uma coisa interessantíssima, além do que, tem ótimos restaurantes de diversos gêneros. Ainda por lá, encontramos uma chopperia, com nome de creperia. O que fazer? Um calor beirando os 40ºC...em pleno Rio de Janeiro. "Meu velho! Me manda dois chopps aqui!"
Só que ele trouxe aquele tradicional de 300ml. Foi degustado em menos de 3 minutos por mim e por Thiago que reclamava do calor, inclemente da Rua São Clemente (a frente da Cobal é na Rua São Clemente). Daí pra frente o bicho começou a pegar de vez. Tinha um tal de Chopp de 500ml que era um desmantelo. Cada um tomou umas 4 calderetas (acho isso tão jegue, é copão cacete) e depois voltamos pro tradicional de 300ml. Nessa creperia/chopperia, rolava um bolinho de bacalhau fantástico e barato. Até mesmo em comparação a Recife, onde se come uma porção com 8 bolinhos de bacalhau, a quase R$15,00. No Rio, foram 15 bolinhos por esse preço, e era peixe de verdade mesmo, longe daqueles de festa, que são feitos de "essência de bacalhau", como diria Fernandão. A essas horas o calor já ficar beirando o insuportável nas ruas, ao ponto de Thiago não aguentar mais. Tivemos a brilhante idéia de passar dentro da COBAL, num mercadinho e comprarmos mais cerveja (fiel companheira) e uma tradicional linguiça portuguesa, para ser um tiragosto. Essa coisa de natureba é boa em partes. As pessoas falam que em temperatura elevada, precisamos nos hidratar e comer coisas light. Mas, já imaginaram tomar cerveja (isso que é hidratação) e de tira gosto, folhas de alface? Não cola né...
Voltando para casa (assim nos sentimos no apartamento de Pedro e Sérgio), começamos aquela velha coisa de sempre, cigarro, boa música, cerveja e calor. Daí tive a grande idéia de ligar para uma menina que me matava de saudade. Carolina Pires, minha pequenina genial das lentes. Fazia uns dois anos que não a via, e foi um reencontro foda! Fomos pegá-la em Copacabana, na frente do "Hortifrutchi", (heheheheheh). Quando o taxi para no meio da rua, olho pro outro lado e me deparo com uma figura que também não via a um certo tempo e que havia falado no dia anterior. O Fabra! Com aquele jeitinho delicado e educado brasileiro, baixei o vidro do carro e gritei a plenos pulmões: "FABRA PORRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRA!!!". Imagina a cara de espanto! "GIBÃO CARAI, QUE QUE TU TÁ FAZENDO AQUI?!!!!" Aí virou zona...era abraço em Fabrício e quando menos espero Carol, que voltava da academia, pula em cima de mim. Aquela coisa linda né! (eu acho). A viagem já mostrava porque ia ser do caralho. Tudo tinha que acontecer daquele jeito. Me despedi do Fabra, com um forte abraço e seguimos para a Urca. Carol tinha ido no dia anterior no Bar da Urca, ver a lua nascer na Baía da Guanabara. Chegando lá, achei uma escolha muito certa. O bar nem cadeira tem, fica embaixo de um restaurante tradicional do Rio, e vende uma cerva maravilhosamente gelada. Ou Original, ou Boêmia a R$5,00. Em comparação a Recife é bastante barato, ao menos na primeira opção. Logo de saída Carol pediu uns pastéizinhos de carne pois não havia almoçado e a conversa foi fluindo como as cervejas. Eu adoro Carol, assim como Thiago, que viajava comigo. São pessoas que a conversa vôa na mesa do bar. A saudade só é vista quando a gente começa a conversar depois de um tempo, acho que pra mim é assim. Tanta coisa boa a gente já viveu e nos lembramos na conversa. Do dia em que eu completamente bêbado no casamento de Carol, carreguei ela nos braços vestida de noiva, do litro de vodka no samba (vexame) e os shows de uma Mula que precisa voltar a mancar de novo, ao menos. Gosto de Carol de graça (isso ela escreveu pra mim quando tinha orkut)! Desde o início foi assim. Acho que porque somos autênticos, não temos papas na língua e vergonha de ser como somos. É sempre ótimo ver Carol, que ainda depois disso tudo e de todas as cervejas, teve a sacada da noite. Ah, eu comi 1 pastel de queijo, Carol, pra você não engordar sozinha.
Voltando para deixar Carol em casa, ela deu a brilhante idéia: "Por que vocês não aproveitam que estão em Copacabana e vão no Bipbip?" Ganhamos a noite com essa pergunta! Até porque eu queria demais conhecer o bar e falei sobre ele pra Carol incessantemente antes da viagem.
Chegando lá, tudo que estava escrito no livro do Mestre Moacyr Luz, se repetiu: "Seu Alfredinho sentado batendo papo com os amigos na frente do bar, com a pranchetinha e sem fumar (isso ele parou há um ano e meio)". Me apresentei ao mesmo e logo em troca recebi a pergunta:

_"Tu és de que Estado?"
_"Sou de Recife, Seu Alfredo! E Thiago é de Olinda"
_"Pernambucano é gente boa cara!"

Daí para frente virou um sonho. Não sei porque cargas d´água o velho me adorou! Largou a conversa com os amigos na mesa e só se dirigia a mim. Isto foi excepcional! O Bipbip, é sem sombra de dúvidas um local mágico. Logo que você entra tem uma faixa maravilhosa com os dizeres: "Bibbip, 40 anos a serviço do porre!"
Nas paredes fotos com as presenças ilustres que amam o bar. Aldir Blanc, Moa Luz, Paulo Cesar Pinheiro, Beth Carvalho, dentre outros. Capitaneando tudo isto, a figura de Seu Aldredo. É o tipo do bar que eu gosto! Odeio coisa sofisticada! Bom de ficar bêbado é em buteco, é a conversa do buteco e não ter que ir pra bar pra fazer média. Como diz o sábio Moa: "O Buteco pra ser bom, não pode ser limpo igual a uma UTI e nem sujo ao ponto de ter barata na parede". Para a nossa sorte ainda por cima, rolou um samba de roda, com uma rapazeada muito legal. Tinha homem e uma menina de no máximo 22 anos tocando surdão. Gente jovem reunida e a cerveja rolando a rodo, como se diz por aqui. Na hora da despedida, um abraço imenso em Seu Alfredo e meus telefones aqui de Recife, espero que um dia ele ligue mesmo. Mas, se não ligar eu volto lá para perturbá-lo novamente.

A frase que resume o dia foi: "Cheio de cinzeiro aqui e esse pernambucano "filha" da puta já apagou dois cigarros na minha calçada." Seu Aldredo, que morreu de rir depois de dizer isso.

O samba é em homenagem a Carol - Salgueirão 1993, o desfile mais incrível que eu já vi: http://www.youtube.com/watch?v=qqw7_o-dASM

3 comentários:

Unknown disse...

Adorei a 'descrição' da viagem, consegui viver cada minuto dessa viagem contigo.
Adorei seu Alfredo e a quantidade de cervejas/chopps.
O Rio é divino mesmo.

Beijo :)

Carol Pires disse...

Assim eu choro!! :D

Volta sempre!

beijo!!!

Carol

Dani disse...

Que lindo! Quero fazer igualzinho:)Com direito a todos os shops e sambas.

Bjo