terça-feira, 28 de agosto de 2007

O constante assassinato cultural - Gilberto Valle

A cada dia que vai se passando somos vítimas de assassinatos. Assim eu os chamo. Assassinatos culturais de grandes proporções. Vou falar basicamente dos musicais.
Sei que certamente estou sendo repetitivo no "discurso", mas depois de assistirmos a shows como o de Chico Buarque, e semana passada ao de Xangai, realmente temos que refletir.
Em nada eles se parecem, mas ambos são geniais! Cada um na sua praia, é óbvio. Cantam e encantam. Enquanto um mal tem interação com o público por extrema timidez, o outro só falta descer do palco defendendo a bandeira do Nordeste tão amado por mim. Tocam o que o povo quer ouvir.
Mas, infelizmente vivemos numa país que não se recicla e não pensa. Estamos parados há mais de 10 anos (isso sendo bondoso), nas mesmas coisas. Pra termos uma idéia, só de olhar a Globo todos dos dias. Malhação está há exatos 12 anos no ar, sempre mostrando o "carióca" way of life...um mocinho, uma vilãzinha, um bonzinho...uma boazinha (estes irão terminar juntos) e uma cambada de jovens totalmente imbecilizados que só tomam "suco", comem hamburguer e ão engordam jamais. Teve um, dessa "nova" fase, que encheu a cara de suco e meteu o pau num travesti e numa prostituta junto com seus amiguinhos, mas isso não foi na novela...foi na vida real. O que será que o suco do Giga tem? Algum alucinógeno muito fuderoso! E o pior, a Globo, jogou a culpa pro "malvado" da história fictícia pra limpar a barra do bonzinho na vida real. Belo exemplo pra os jovens do país!
Musicalmente falando é que estamos jogados na miséria mesmo! O Império do Funk, o Império do Axé, o Império do Brega...sinceramente. Aí tu vens me falar que isso não é crime? Crime é forçar a todos nós não termos mais uma rádio rock aqui em Pernambuco e na maioria dos estados do país. Crime, é vetar as rádios piratas que tentam ir contra essa mídia hipócrita e que só dá valor aos pagadores de jabá. Crime são as novas bandas ter que pagar pra se mostrar na TV e mudar o disco como a gravadora quer. Por essas e por outras, admiro o Los Hermanos (ou ex- hermanos). Os caras fizeram o primeiro disco e quando a gravadora quis se intrometer na gravação do segundo os mesmos pularam fora e disseram: "Fazemos as nossas músicas sem interferência, quem quiser comprar e gravar nossas idéias, que as compre!" Um belo recado pras gravadoras.
Comparado com outras bandas como o Charlie Brown Jr, que prega o discurso da revolução, dos skatistas, dos "pobres e oprimidos", daquels poucos favorecidos pela sociedade, chega a impressionar. Me recordo na época do Sheik Tosado, China voltou de São Paulo e me mostrou na sua casa em Olinda, uma fita de uma banda de Deth Metal (aquilo me soava igual ou semelhante ao Carcass, ou coisa do gênero), e fiquei impressionado quando ele me disse: "Véio, isso é Charlie Brown Jr." A banda já estava estourada cantando: "corra pra ver o que acontece...os caras do Charlie Brown invadiram a cidade". Desde esse dia, sou meio que desconfiado até com as bandas de rock! E com qualquer novidade que surja no mercado. Até onde isso vai não sei, mas que nunca mais iremos ver uma banda como os Stones, que está na sua última turnê por conta dos 70 anos dos integrantes, tenho certeza de que não. E esse tempo todo de estrada criando, produzindo coisas novas e fazendo de nós, amantes da boa música um pouco menos tristes.
E pode me chamar de antigo. Tenho dito!

4 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente é o Brasil, é o mundo...estamos distantes de ver uma sociedade inteira curtindo aquele velho e bom som do Chico Buarque, do Tom Jobim, da Elis e por ai vai. Há quem escute, mas só para aderir a moda dos metidinhos a intelectual, escrevendo trechos das músicas em fotologs, em scraps e quando você pergunta se conhece algo mais além daquilo, nem sabem o que falar. O mundo tá valendo para quem tem dinheiro! Infelizmente o dinheiro tá comprando até o gosto musical das pessoas, digo, é impressionante como bandas que eram de um estilo mudam repentinamente só por um espaço na mídia. Lembra como D2 era? Lembra como Natiruts era? Lembra como Charlie Brow era? Pois é! Agora é todo mundo pop! é todo mundo no Faustão, no Gugu e ganhando rios de dinheiro detonando nossos ouvidos com tanta merda!
E esses funks? Me poupe! Existe mesmo quem curta aquilo? Credo!
Vamos acabar com isso! Vamos curtir a velha música popular brasileira, o velho rock, os velhos sambinhas de fundo de quintal e dar oportunidade e apoio ás bandas que querem resgatar esses estilos!
Valeu gibão pelo texto!

Anônimo disse...

Infelizmente é o Brasil, é o mundo...estamos distantes de ver uma sociedade inteira curtindo aquele velho e bom som do Chico Buarque, do Tom Jobim, da Elis e por ai vai. Há quem escute, mas só para aderir a moda dos metidinhos a intelectual, escrevendo trechos das músicas em fotologs, em scraps e quando você pergunta se conhece algo mais além daquilo, nem sabem o que falar. O mundo tá valendo para quem tem dinheiro! Infelizmente o dinheiro tá comprando até o gosto musical das pessoas, digo, é impressionante como bandas que eram de um estilo mudam repentinamente só por um espaço na mídia. Lembra como D2 era? Lembra como Natiruts era? Lembra como Charlie Brow era? Pois é! Agora é todo mundo pop! é todo mundo no Faustão, no Gugu e ganhando rios de dinheiro detonando nossos ouvidos com tanta merda!
E esses funks? Me poupe! Existe mesmo quem curta aquilo? Credo!
Vamos acabar com isso! Vamos curtir a velha música popular brasileira, o velho rock, os velhos sambinhas de fundo de quintal e dar oportunidade e apoio ás bandas que querem resgatar esses estilos!
Valeu gibão pelo texto!

Anônimo disse...

Tu é fod* Giba! Escreve muitooo!!!

Anônimo disse...

Por mais que esse tema tenha sido discutido, nunca é demais reforçar essa idéia postada. Fico muito triste com o paradeiro que a mídia está mirabolando em relação à música brasileira, pois sei que sempre vão existir, mesmo que nas cenas "undergrounds", coisas de excelente qualidade no Brasil. O que me deixa triste, e sempre deve ter deixado as cabeças pensantes do país, é a obrigação da elitização da cultura "boa", sobrando ao "resto", a cultura de massa. O acesso bem disseminado, levaria à pelo menos uma possibilidade de escolha por parte do público. Aonde quero chegar? Certa vez numa experiência escolar, levei uma letra de Chico e uma de Calypso, e fiz uma análise, mostrando aos alunos a diferença gritante entre as composições. No final, viram e alguns foram capazes de continuar gostando de Calypso, mas assumir que não é bem feito como Chico. Ou seja, se dessem à maioria da população, rendida à manipulação da Globo, a possibilidade de escolher e de reconhecer o que é bem feito ou não, acho que poderíamos mudar um pouco a realidade cultural do país. Não creio que as coisas se resolvam no Holocausto musical de nenhuma das partes, radicalismo nunca levou ninguém à nenhum lugar. Cada um tem a autonomia de gostar do que quiser, quem somos nós para impedir um gosto de alguém? As atitudes devem ser tomadas por esse caminho, acima citado... Cada um gosta do que quiser, mas saibamos ensinar, aos que ainda não aprenderam, o que é bem feito, ou não...