segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Conversa fiada - Gilberto Valle

Estavam dois amigos a beber no Bar do Agenor. Eles discutiam sobre tudo, quem bebia mais, marcas de cigarro, até sobre gaia que um já tinha levado, quando de repente ela apareceu.
Aquele vestidinho curto, coxas grossas, peitinhos perfeitos, aqueles que tem o número 3 (cabem todinhos na boca), as temporas levemente suadas dos afazeres domésticos. Sentou naqueles banquinhos de madeira de tampo redondo e cruzou as pernas, depois, pediu suavemente:

- Seu Agenor, me veja uma coca-cola por favor...

Ah que voz! Linda, rouquinha...delicada que é uma coisa.

Era o delírio dos bêbados de plantão. Pra olhar ela, deixavam até a cachaça de lado. Seria a necessidade geral? Ou a cachaça tava era tomando conta da mente e do corpo como um todo?
Nem o nome da mocinha eles sabiam, era só aquela tara, a imaginação humana, pervertida...
Observavam os pelinhos fininhos que dominavam as coxas da menina e imaginavam de onde eles vinham e onde terminavam. Será que mesmo? Ou seria ela adepta do estilo norte-americano? Eis as dúvidas, eram tantas...

A danada se deliciava com a Coca, geladíssima. Ela aliviava aquele calor todo.

"Menina naquela idade devia ter um fogo de lascar!" Afirmava seu Genival, de dentro daquele bigode que escondia-lhe totalmente a boca. O "espanador de buceta" da nêga véia, como ele mesmo afirmava aos quatro ventos, pra quem falasse mal do mesmo.

Era quando a mocinha se levantava e a mente de todos os bêbados imaginavam a tábua de madeira úmida, transpaçando pelo vestido da mocinha, como se os pensamentos de todos eles pudessem excitar a regazza. Que nada! Ela só queria tomar Coca-Cola e voltar pro trabalho.

Saía simplesmente dizendo:

-"Boa tarde, Seu Agenor" com a mesma voz de anjo.

E pra surpresa da mesma. Todos os que estavam ali presentes clamaram:

-"Booooooooooooooa!!!"

Nenhum comentário: