terça-feira, 27 de maio de 2008

O eterno jogo de modismos - Gilberto Valle


Depois de algum tempo, analisando o movimento de ir e vir das pessoas tidas do meio "CUltural" de Recife, noto que estamos cercados de um bando de seres sem a mínima personalidade. Como sempre, muitos podem questionar e pregar a diversidade cultural e que sou meio que rígido de pensamento e idéias. Mas não, tem gente que muda, compra roupas de acordo com o modismo que rege a cidade.
Exemplos muito claros disso estão onde encontramos há alguns anos atrás as menininhas da cidade, todas vestidinhas de saia hippie, blusinha coladinha de alça e sandália rasteira, praticamente vivendo na época de J. Joplin (será que elas sabem que foi Janis?). Coisas do puro modismo momentâneo que move a cabeça dos fracos. Vocês fazem a alegria de bandas como o The Playboys que tiram onda da cara de vocês em frases tipo: "Que legal você chegar no Burburinho e encontrar as gatinhas todas de sainha, sandalinha e bater aquele papo de antropólogo". Fazer o que não é? Aí temos a resposta, sou "Original Olinda Style". Como pode ser, sou do "psy trance", sou "punk", sou "hard banger, sou "forrozeiro", sou "pagodeiro". Quanta pretensão amigos! Vocês são capazes de dizer o que são pro meio...mas na verdade não sabem quem são.
Vamos seguindo, porque como falam os "entendidos" as tendências vão e voltam. Há muitos anos, antes do Programa Livre existir no SBT, Serginho "Fala Garoto", já tinha outro programa de TV, Cultura, no mesmo estilo e o Ratos de Porão estava lá. Numa das perguntas um jovem que tinha o cabelinho penteado com gel, usava óculos "fundo de garrafa", com camisa de botão por dentro de uma calça social, perguntou a João Gordo o seguinte: "João, adoro o som de vocês, tenho todos os discos, mas muitos dos meus amigos dizem que isso é fachada minha, porque não tenho moicano, não uso calças rasgadas e camisas pretas. Queria saber sua opinião." Aí me deparo com a resposta: "Tenha certeza de que você é mais autêntico do que qualquer um desses. O cara não precisa fantasiar pra curtir. Eu só raspo meu cabelo e faço moicano porque meu cabelo é uma merda desde que nasci. Queria eu ter cabelo bom pra deixar crescer." Honestamente, eu achei isso genial. Isso me fez fã de João Gordo desde essa época. As pessoas podem gostar de moda? Claro! Mas, o importante é fazer a sua moda, do seu jeito. Fodam-se as tendências, fodam-se os estilistas, foda-se o meio onde porque nasce uma coisa nova na cidade, todo(a)s tem que usar.
O pior é que tem gente que se preocupa com isso. Até porque, misturam algumas desilusões da vida com a moda. Ah, minha amiga você é mais que isso. Aquele questionamento de: "Será que pra eu me agarrar com um carinha em algum local, terei que vestir saia de Hippie?". Porra nenhuma! Se você gosta de ser elegante, seja! Se você quer usar óculos "retrô" (enormes e do tempo da minha mãe) use! Se tu queres usar óculos de armações claras e mais uma pochete imensa (típico de galerinha de raves)faça! Se tu queres raspar a cabeça, raspe! Se queres colocar uma tatuagem, coloque! Agora faça tudo isso por você e não pelo que o meio dita!

2 comentários:

Rebeca Tavares disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rebeca Tavares disse...

Excelente analogia. Em um momento na faculdade, minha turma foi entrevistar coletivamente um estilista. Muitos concordaram com a sua expressão artística, mas poucos o elogiaram pela sua maneira de enxergar a moda. Em suma, para ele, moda é vestir colcci. Botão da calça combinando com um detalhe da sandália e babaquices afins. Não dá para mim. Talvez se você tivesse escrito esse texto anteriormente, com certeza iria lê-lo em um estrondante som para que aquele rapaz, "meio viado, meio intelectual da moda" pudesse ter noção de palavras. Se aceitar regras ideológicas já é para os fracos, imagina os que aceitam as regras da moda?! Rsrs..
Gosto do seu texto.